segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pesquisadores brasileiros assinam documento que contesta estudo sobre milho transgênico


Do site do CIB - Conselho de Informações sobre Biotecnologia
(01/10/2012)

Cientistas brasileiros divulgaram nesta segunda-feira (01 de outubro) um documento que apresenta uma análise do estudo francês – publicado recentemente na revista Food and Chemical Toxicology – que relaciona o milho transgênico tolerante a herbicida ao desenvolvimento de tumores em ratos. No posicionamento brasileiro, os pesquisadores questionam as conclusões da pesquisa e apontam uma sequência de falhas estatísticas e metodológicas que comprometem os resultados do trabalho.

De acordo com o documento, os achados não são apoiados pelos dados apresentados e as conclusões não são relevantes para o objetivo de levantamento de risco. “O estudo não atende aos padrões mínimos aceitáveis para esse tipo de publicação científica”.

O lançamento do estudo francês contou com o apoio do Comité de Recherche et d’Information Indépendantes sur le génie GENétique (CRIIGEN) – grupo contrário ao uso da engenharia genética, fundado por Gilles-Eric Seralini, principal autor do trabalho –, e foi seguido por uma intensa repercussão nos meios de comunicação em nível internacional, incluindo diversos depoimentos de cientistas que, assim como os brasileiros, contestam o trabalho.
Com base na análise e nas evidências, o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), organização que reúne mais de 100 pesquisadores, apoiou o documento de contraponto organizado pelos cientistas brasileiros, e destacou a importância da liberação completa dos dados da pesquisa francesa para que possam ser avaliados por toda a comunidade científica. “Felizmente, os achados  científicos costumam ser analisados mesmo após publicação, o que permite que estudos conduzidos de forma inadequada sejam revisados por pares, ou seja, por especialistas no tema, e que o conhecimento científico avance baseado em evidências concretas.”, completa Adriana Brondani, diretora-executiva do CIB.
Assinam o documento os cientistas Eduardo Romano1, Flavio Zambrone2, Lucia de Souza3, Marcelo Gravina4 e Paulo Paes de Andrade5.
1.     PhD em Ciências Biológicas- Biologia Molecular – Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – CENARGEN
2.     PhD em Medicina – Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Diretor cientifico do ILSI Brasil e membro da Academia Americana de Toxicologia Clinica.
3.     PhD em Ciências Biológicas- Biologia Molecular – Public Research and Regulation Initiative – PRRI
4.     PhD em Fitopatologia e Biologia Molecular – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
5.     PhD em Ciências Biológicas – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Membro da CTNBio (2006 -2012)
Clique aqui para ver o documento. 
Fonte: Redação CIB, 01 de outubro de 2012

Um comentário:

  1. Tive a oportunidade de ler o trabalho citado e assinaria de bom grado as conclusões que, entre outras produzidas fora do Brasil condenam o trabalho de Seralini et al. Não resta dúvida que o trabalho é uma peça de propaganda ligada ao ambientalismo extremo analisado de maneira erudita pelo conhecido filósofo francês Luc Ferry (The new ecological order, Luc Ferry, 1992 (transl. Carol Volk), The University of Chicago Press). Das 3 correntes do ambientalismo esta é a mais radical e inclusive anti-humanidade. Para adiantar sua agenda está claro que não respeitam qualquer critério ético ou científico. Diria apenas que os estudos sérios publicados até o momento sobre a segurança dos OGM revelam sua identidade com a isolinha convencional e, no caso do milho Bt apresentam uma vantagem quanto à segurança alimentar por apresentarem níveis bem mais reduzidos de micotoxinas. Também não recomendaria qualquer estudo adicional sobre este milho com o número correto de animais e controles. O X da questão é que não há qualquer mecanismo biológico minimamente relevante que aponte a necessidade de estudos do tipo. A pequena quantidade da proteína Bt existente na planta não é tóxica ou alergênica para animais e é completamente digerida no sistema digestório. Estudos são fúteis portanto, simples concessões ao princípio da precaução aplicado de maneira errônea. Esta hipótese de estudo, para ser sincera, nos obrigaria a fazer investigação semelhante em milhares de plantas melhoradas por mutagênese cega que estão à nossa mesa há décadas.

    Francisco Nóbrega

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