terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Carta de cientistas em apoio à CTNBio é entregue em audiência pública do Ministério Público Federal sobre transgênicos e agrotóxicos

Durante a audiência pública organizada pelo Ministério Público Federal em Brasília, no dia 12 de dezembro deste ano (2013), um grupo de pesquisadores entregou ao Procurador Mário Gisi uma carta onde afirmam sua confiança na CTNBio e seu apoio aos procedimentos de avaliação de risco daquela Comissão. Os signatários reafirmam também a importância da biotecnologia para nosso país.
A carta tem especial importância no cenário atual, quando a CTNBio parece exposta a críticas, alguma vezes ferozes, de alguns setores da sociedade. Ainda que julguemos que a maior parte das críticas não tem fundamento, estamos certos de que a carta de apoio vem em bom momento.
Abaixo está a carta e, ao fim da postagem,a lista dos signatários e links para seus CVs no banco de dados do CNPq.



Aluísio Borém, Pós-doutor em Genética e Melhoramento, UFV - http://lattes.cnpq.br/7301212823538522
Claudinei da Cruz, Pós-doutor em Ciências Agrárias, Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - http://lattes.cnpq.br/1023527914463601
Flávio Zambrone, Doutor em Medicina, Unicamp - http://lattes.cnpq.br/2875059025308448
Leandro Astarita, Doutor em Ciências Biológicas, PUCRS - http://lattes.cnpq.br/3296788443136390
Luiz Foloni, Doutor em Agronomia, Unicamp - http://lattes.cnpq.br/2084234772979752
Marcelo Gravina, Doutor em Fitopatologia, UFRGS - http://lattes.cnpq.br/6209553608783543
Nelson Harger, Doutor em Agronomia, Emater
Paulo Andrade, Doutor em Ciências Biológicas, UFPE - http://lattes.cnpq.br/5792312135796017
Ribas Antônio Vidal, Pós-doutor em Ciências Agrárias, UFRGS - http://lattes.cnpq.br/3680929576088780
Ricardo Ralisch, Doutor em Agronomia, UEL -  http://lattes.cnpq.br/3620197655490764
Rone Batista, Doutor em Agronomia, UENP - http://lattes.cnpq.br/2379804514613050

Walter Boller, Doutor em Agronomia, UPF -  http://lattes.cnpq.br/8490766131954418

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Audiência pública no MPF traz verdades e mentiras sobre transgênicos

A primeira parte da audiência pública hoje, dia 12 de dezembro de 2013, no Auditório Pedro Jorge, no MPF de Brasília, trouxe algumas surpresas. A sala estava lotada, mas a maioria esmagadora era de pesquisadores, reguladores e gente das empresas. Um pequeno grupo de opositores aos transgênicos, já bem conhecido, esteve também presente e, essencialmente, nenhum representante dos demais segmentos da sociedade. A bem da verdade, tivemos o depoimento de um pequeno agricultor de algodão de Catuti, que relatou sua excelente experiência com o uso de algodão GM.

Os expositores da manhã foram divididos em dois grupos: de um lado, acadêmicos e o representante da Dow Agrosciences mostraram dados que apoiavam a segurança dos eventos de soja e milho tolerantes ao 2-4 D, e do outro, dois pesquisadores que se opõem aos transgênicos trouxeram dados que, segundo eles, colocam em cheque a avaliação que se fez na CTNBio e apontam para o risco de um aumento grande do uso deste herbicida.


Independente de quem possa estar certo ou errado neste debate, o que saltou à vista foi o ataque de um dos palestrantes, o Dr. Rubens Nodari, à forma de atuar da CTNBio e ao sistema de biossegurança de OGMs no Brasil, que ele classificou de perverso. Entretanto, a maior parte do que disse não corresponde aos fatos e demonstra um perigoso viés ideológico, sobretudo num fórum público onde se busca a verdade. Como exemplo paradigmático de suas falas distorcidas, o Dr. Nodari afirmou que o Princípio da Precaução, como previsto no Protocolo de Cartagena, é sistematicamente violado na CTNBio. Ocorre que, na visão dele, o princípio afirmaria que, em caso de dúvidas, não se deve adotar uma tecnologia. Ora, o Princípio não diz nada disso! O que está escrito é bem diferente: no caso em que houver evidências de que danos graves e irreversíveis possam acontecer, não se pode adiar medidas de mitigação ou prevenção destes riscos. A adoção proposital de um “princípio da precaução” da cabeça dele leva a conflitos sérios e à confusão, neste caso proposital, dos membros do MPF. Uma barbaridade.
A questão é ainda mais grave porque outras distorções de igual quilate estiveram presentes nas falas do ilustre professor.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O que cabe à CTNBio e quais são seus procedimentos: subsídios à audiência pública do MPF sobre transgênicos no dia 12 de dezembro de 2013

Entre os temas que serão tratados na audiência está o papel da CTNBio na sociedade, com mesa programada para as 15h40 (http://4ccr.pgr.mpf.mp.br/atuacao/encontros-e-eventos/audiencia-publica/audiencia-publica-transgenicos-2-4-d/programacao_diagramada_transgenicos1.pdf). Entre os assuntos específicos a serem abordados listados na programação estão:
1) Estrutura e composição da CTNBio
2) Implicações éticas e socioeconômicas das deliberações da CTNBio
3) Publicidade e transparência nas decisões
4) Sugestões de aprimoramento dos processos de avaliação das solicitações de liberação comercial de transgênicos.

O primeiro assunto é de competência da lei 11.105/2005. É interessante que se debata a questão da composição da CTNBio e de sua estrutura, pois pode subsidiar um futuro aprimoramento do órgão. Entretanto, o ponto principal é, na verdade, a atribuição da CTNBio, que também está estabelecida por lei e restringe-se à avaliação de risco. Embora este assunto não esteja explicitamente mencionado, seguramente ele permeia todas as demais discussões e por isso oferecemos ao leitor todos os links abaixo, que tratam desta questão e do modus operandi da avaliação de risco.

O segundo assunto está englobado no que chamamos análise de risco, quando o objetivo é lançar um novo produto ou apenas liberá-lo para testes. Num contexto mais amplo, ele implica na análise de um amplo cenário socio-economico-cultural: não são, em si, as deliberações da CTNBio que estão em jogo, mas o impacto dos novos produtos e suas tecnologias na sociedade, como ocorre com qualquer novo produto. Este impacto (ético e socioeconômico) não é uma questão filosófica, mas pode e deve ser mensurado, o que pede a participação e opinião de especialistas em tecnologia novas e seus impactos sociais. A discussão pode trazer importantes reflexões sobre a forma como a compreensão ampla das implicações tecnológicas pode afetar uma decisão técnica, mas a escassez de tempo e a falta de especialistas e, sobretudo, de dados concretos para nosso país, talvez reduzam os resultados da discussão. Contudo, a chamada do tema pode orientar futuras discussões num fórum mais adequado, baseadas em dados ainda a serem gerados.

O terceiro tema volta a envolver questões diretamente ligadas às leis do país e não cremos que a discussão redundará em qualquer ganho, uma vez que os membros da CTNBio presentes não são especialistas em leis e que a AGU já se pronunciou sobre esta questão, assim como poderá voltar a fazê-lo, sempre que necessário. De toda forma, a CTNBio é hoje a comissão mais aberta de todas as que existem em Brasília, sobretudo em comparação com comissões análogas instituídas no âmbito de outros ministérios. Pode-se melhor alguma coisa? Sim, seguramente, e a ativação do SIB, assim como a adoção de formulários e linguagem mais padronizada para os pareceres, podem facilitar a transparência e permitir comparação de documentos, tanto através do SIB como através da Biosafety Clearing House da CBD.

O quarto assunto específico é o que demanda mais reflexão, uma vez que sugestões de mudança operacional requerem a compreensão do todo, incluindo os aspectos legais, a forma de atuação da ciência, a forma como são feitas avaliações de risco no Mundo e o que a sociedade pede da Comissão. É justamente no sentido de subsidiar estas discussões que passamos os links para os textos que se seguem.

Os três componentes da análise de risco de transgênicos
Consolida-se no mundo uma divisão cada vez mais clara das três etapas da análise de risco e da forma como estas partes se articulam na decisão final de liberação de atividades com um organismo geneticamente modificado (OGM ou transgênico).

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O que cabe à CTNBio? Reflexões sobre avaliação de risco, análise de risco, método científico e visões divergentes sobre biossegurança
O modus operandi da CTNBio pode não agradar a quem julga que os riscos dos OGM devem ser analisados por uma ótica global, mas está baseado na lei e na experiência prévia no país e no mundo. O texto trata de vários conceitos e preconceitos em relação à atuação da CTNBio.

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Maioria e reducionismo na CTNBio
Neste texto a questão da opinião majoritária, do consenso e dos votos divergentes é tratada em detalhe, assim como a anteposição entre uma visão focada e pragmática da avaliação de risco e uma visão holística e muito mais complexa da análise de risco.

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Vozes isoladas na ciência: quebra de paradigma ou desvio metodológico? O caso dos transgênicos
      A questão da discordância de resultados e conclusões no âmbito da Ciência está ligada à opinião majoritária e ao consenso e, em última instância, ao método científico. Neste texto aborda-se o tema através de vários exemplos.

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Transgênicos, banimento francês do milho GM e o pedagogo Paulo Freire: lições de avaliação de risco e compromisso do profissional com a sociedade.
Na primeira parte deste texto discutimos as implicações de decisões de governo baseadas em pressão de setores públicos e contrárias à ciência e na segunda parte aprofundamos os conceitos relativos ao humanismo e à ciência e rejeitamos a hipótese de que sejam conflitantes.

Boa leitura a todos.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Many recent papers contradict Séralini´s results and show no evidences of cancer in rats fed with GM food

A long year was wasted in useless discussions between the Food and Chemical Toxicology acceptance of the infamous Séralini paper and its withdrawal; a sudden tide of obstructive actions to impair GMO adoption was observed and it will not recede so easily. Why did it take so long for FCT to take an action?

As it is shown below, a long list of recently published papers with results that contradict Séralini conclusions and even his results. Surely, many more papers were published before Séralini´s paper, but the concentration of new papers on GMO food safety with Sprague-Dawley rats is impressive. It possibly represents an implicit call for papers by FCT, in an attempt to subsidize its decision to ultimately withdraw the now completely isolated Séralini´s opus.

The most relevant paper is that from Zhang et al.(2013), following a methodology that closely resembles that of Séralini, although using GM rice as a model. We strongly suggest a careful reading of all these papers before revisiting the Séralini paper.

List of recent papers

Food Chem Toxicol. 2013 Nov 5;63C:76-83. doi: 10.1016/j.fct.2013.10.035. [Epub ahead of print]
Long-term toxicity study on transgenic rice with Cry1Ac and sck genes.

Abstract

In the present work, we evaluated the chronic effects of the transgenic insect-resistant rice carrying Cry1Ac and sck genes on Sprague-Dawley (SD) rats through a 78-week feeding study. Based on the gender and weight, 180 SD rats were randomly and evenly assigned into three groups. GM rice and non-GM rice were separately formulated into diets at high levels. AIN-93 diet was used as a nutritional control. Body weight, food consumption, hematology and serum chemistry were monitored regularly. Rats were sacrificed for organ weight measurement and pathological examination at 52weeks and 78weeks. Body weight, food consumption, mortality rates, tumor incidences and pathological findings showed no significant difference among the three groups. Although certain differences in some hematology, serum chemistry parameters and relative organ weights were observed between GM rice group and control groups, they were not considered as treatment-related. Taken together, long-term intake of transgenic rice carrying Cry1Ac and sck genes at a high level exerts no unintended adverse effects on rats.


Food Chem Toxicol. 2012 Jun;50(6):1902-10. doi: 10.1016/j.fct.2012.04.001. Epub 2012 Apr 9.
A three generation study with high-lysine transgenic rice in Sprague-Dawley rats.

Abstract

Lysine-rich rice (LR) is a transgenic rice produced by fusion protein expressed genes into the germline of rice seeds. Compositional analysis of LR showed that the absolute concentration of lysine was significantly higher as compared to a near-isogenic non-transgenic rice. Lysine is believed to be the first limiting essential amino acid in rice, it is important to improve lysine content on rice nutritional quality. Here we report the results of a three generation study comparing the outcome in rats fed the transgenic rice to those fed conventional, near-isogenic rice or a control diet. In the study, both clinical performance variables and pathological responses such as body weight, food consumption, reproductive data, hematological parameters, serum chemistry and relative organ weights were examined respectively. It was evident that there were no adverse effects observed in rats that were fed transgenic rice compared with non-transgenic rice. There were significant differences in some hematology, serum chemistry parameters and relative organ weights in rats consuming the transgenic rice diet or non-transgenic rice diet compared with the control diet, but no macroscopic or histological adverse effects were observed. So the results from this study demonstrate that LR rice is as safe as near-isogenic non-transgenic rice.



Tang X, Han F, Zhao K, Xu Y, Wu X, Wang J, Jiang L, Shi W.
PLoS One. 2012;7(12):e52507. doi: 10.1371/journal.pone.0052507. Epub 2012 Dec 27.

Abstract

In a 90-day study, Sprague Dawley rats were fed transgenic T1C-1 rice expressing Cry1C protein and were compared with rats fed non-transgenic parental rice Minghui 63 and rats fed a basal diet. No adverse effects on animal behavior or weight gain were observed during the study. Blood samples were collected and analyzed, and standard hematological and biochemical parameters were compared. A few of these parameters were found to be significantly different, but were within the normal reference intervals for rats of this breed and age, and were thus not considered to be treatment-related. Following sacrifice, a large number of organs were weighed, and macroscopic and histopathological examinations were performed with no changes reported. The aim of this study was to use a known animal model to determine the safety of the genetically modified (GM)rice T1C-1. The results showed no adverse or toxic effects due to T1C-1 rice when tested in this 90-day study.

Cao S, He X, Xu W, Luo Y, Yuan Y, Liu P, Cao B, Shi H, Huang K.
IUBMB Life. 2012 Mar;64(3):242-50. doi: 10.1002/iub.601. Epub 2012 Jan 3.

Abstract

Bacillus thuringiensis rice is facing commercialization as the main food source in the near future. The unintended effects of genetically modified (GM) organisms are the most important barriers to their promotion. We aimed to establish a new in vivo evaluation model for genetically modified foods by using metabonomics and bacterial profile approaches. T1c-19 rice flour or its transgenic parent MH63 was used at 70% wt/wt to produce diets that were fed to rats for 90 days. Urine metabolite changes were detected using (1)H NMR. Denaturing gradient gel electrophoresis and real-time polymerase chain reaction (RT-PCR) were used to detect the bacterial profiles between the two groups. The metabonomics was analyzed for metabolite changes in rat urine, when compared with the non-GM rice group, where rats were fed a GM rice diet. Several metabolites correlated with rat age and sex but not with GM rice diet. Significant biological differences were not identified between the GM rice diet and the non-GM rice diet. The bacteria related to rat urine metabolites were also discussed. The results from metabonomics and bacterial profile analyses were comparable with the results attained using the traditional method. Because metabonomics and bacterial profiling offer noninvasive, dynamic approaches for monitoring food safety, they provide a novel process for assessing the safety of GM foods.

Food Chem Toxicol. 2013 Mar;53:417-27.

Thirteen week rodent feeding study with grain from molecular stacked trait lepidopteran and coleopteran protected (DP-ØØ4114-3) maize.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23261672

Abstract

The results from a subchronic feeding study conducted in Sprague–Dawley rats fed with diets containing grainfrom 4114 (OECD unique identifier: DP-ØØ4114-3) maize that was untreated (4114) or sprayed in field with glufosinate ammonium (4114GLU) in a design similar to previous studies are reported. The test material, 4114 maize, is a hybrid maize produced by transformation with a DNA construct encoding 4 different transgenicproteins for resistance to lepidopteran pests, coleopteran pests, and tolerance to the herbicidal active ingredient glufosinate ammonium. There were a total of 144 rats divided into 12 groups of 12 rats/sex/group. All experimental diets were formulated by Purina Mills, LLC (St. Louis, MO) in accordance with the standards of Purina Mills Labdiet® Certified Rodent LabDiet® 5002. The incorporation rate of maize grain in all diets was 32% (wt/wt). No biologically significant, treatment related differences in body weight, food consumption, clinical pathology parameters (hematology, blood chemistry, urinalysis, or organ weight) were observed in ratsconsuming the diets containing 4114 maize grain compared with rats fed conventional maize diets. A number of histologic observations were noted in this study but were background lesions and representative of what would be expected for rats of this age and strain. An independent panel of experts determined certain observations to be spontaneous and not related to the test diet. Accordingly, these results support the conclusion that 4114 maize grain is as safe and nutritious as conventional maize grain.



Zhou XH, Dong Y, Xiao X, Wang Y, Xu Y, Xu B, Shi WD, Zhang Y, Zhu LJ, Liu QQ.
Food Chem Toxicol. 2011 Dec;49(12):3112-8. doi: 10.1016/j.fct.2011.09.024. Epub 2011 Sep 24.

Abstract

A transgenic rice line (TRS) with high amylose level has been developed by antisense RNA inhibition of starch branching enzymes. Compositional analysis of TRS demonstrated that the content of resistant starch (RS) was significantly higher compared to conventional non-transgenic rice. High level of RS is an important raw material in food industry and has various physiological effects for human health. In order to provide the reliable theory basis for field release of TRS rice, we evaluated the potential health effects of long-term consumption of the TRS. The 90-day toxicology feeding experiment was conducted in Sprague-Dawley rats fed with diets containing 70% of either TRS rice flour, its near-isogenic rice flour or the control diet. The clinical performance variables (body weight, body weight gain and food consumption) were measured and pathological responses (hematological parameters and serum chemistry at the midterm and the completion of the experiment, urinalysis profile and serum sex hormone response at the completion of the experiment) were performed. Besides, clinical signs, relative organ weights and microscopic observations were also compared between TRS group and its near-isogenic rice group. The combined data indicates that high-amylose TRS grain is as safe as the conventional non-transgenic rice for rat consumption.