quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Artigo sobre efeito de milho transgênico NK603 em ratos não tem credibilidade



Texto de Pedro Fevereiro, presidente do Centro de Informação de Biotecnologia (CiB) de Portugal.
Em 19 de setembro foi publicado um artigo (Ref 1) numa revista científica (Foodand Chemical Toxicology) assinado por uma equipe de investigação francesa sobre o efeito da alimentação prolongada de ratos com uma variedade de milho não identificada que contém o evento transgênico NK603. A publicação desse artigo é enquadrada num projeto de comunicação que inclui o lançamento de um livro e de um filme.

Os resultados aparentemente chocantes, sobretudo aqueles apresentados sob a forma de fotografias, parecem comprometer a segurança alimentar do consumo prolongado desta variedade de milho. Os autores e os seus apoiadores questionam assim o uso da tecnologia do DNA recombinante para o melhoramento vegetal e a sua utilização na alimentação humana e animal.

As variedades de milho com este evento são amplamente utilizadas há mais de 10 anos (autorização para comercialização concedida para os Estados Unidos em 2000 e em 14 países, incluindo a União Europeia). Isto significa que milhões de animais já consumiram este milho.

Uma leitura mais atenta deste artigo levanta de imediato uma série de questões, algumas fundamentais, sobre os resultados obtidos. Por que se usou uma variedade de ratos que se sabe desenvolverem tumores com facilidade, sobretudo a partir da segunda metade do seu tempo de vida? Por que o efeito é superior com uma percentagem de farinha transgênica menor? Por que os ratos controlados têm níveis de mortalidade idênticos, e em alguns casos superiores, aos dos ratos que foram alimentados com o milho transgênico? Por que não existem barras de erro nos resultados apresentados? Por que não existe qualquer tratamento estatístico? Por que não existe uma justificação biológica para o hipotético efeito observado? De onde veio o milho utilizado? Por que o autor não quer que seja analisado o milho com que fez os ensaios? Por que, passados dez anos de uso continuado destas variedades de milho, nenhum veterinário, produtor ou tratador de animais que consomem regularmente estes produtos relatou estes efeitos? Finalmente como é possível generalizar estes resultados sabendo que cada transgene configura uma modificação genética claramente distinta?

Este artigo nunca deveria ter sido publicado. Os seus autores dizem que é o primeiro estudo de longo prazo em animais. A mesma revista publicou em 2011 uma revisão de 12 estudos de longo prazo (Ref 2) de alimentação com produtos transgênicos onde se verifica que em nenhum caso foram encontrados efeitos negativos na saúde animal. O artigo agora publicado não foi devidamente revisto pelos editores desta revista e deveria ser imediatamente retirado. Existem centenas de dados e relatos científicos credíveis que provam precisamente o oposto do que é apresentado. Existirá uma conspiração mundial para propositadamente utilizar os produtos transgênicos para fazer mal a pessoas e animais?

Curiosamente este artigo é publicado ao mesmo tempo em que se apresenta um filme e um livro sobre o mesmo assunto. Passadas duas ou três semanas de o governo francês ter sido condenado pelo tribunal europeu por proibir o cultivo de milho transgênico resistente a insetos. E na mesma altura que a DG Sanco pretende fazer aprovar o cultivo de soja transgênica no espaço europeu.

Este estudo nunca deveria ter sido tornado público nestas condições e tem como única função assustar as pessoas e condicionar o uso desta tecnologia. Deveria ser dada a oportunidade a grupos de investigadores independentes para analisarem em detalhe os métodos seguidos e os resultados brutos obtidos e para replicarem a experiência de forma a serem verificados os resultados obtidos.

Referências:
Ref 1 - "Long-term Toxicity of a Roundup Herbicide and a Roundup-Tolerant Genetically Modified Maize".Gilles-Eric Seralini, Emilie Clair, Robin Mesnage, SteeveGress, Nicolas Defarge, Manuela Malatesta, Didier Hennequin, and Joel Spiroux de Vendomois.Food and Chemical Toxicology. 19th September, 2012.in press.

Ref 2 - "Assessment of the health impact of GM plant diets in long-term and multigenerational animal feeding trials: A literature review". Chelsea Snell,  AudeBernheim, Jean-Baptiste Bergé, Marcel Kuntz, Gérard Pascal, Alain Paris, Agnès E. Ricroch. Food and Chemical Toxicology.Volume 50.Issues 3-4. March-April 2012.Pages1134-1148.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Artigo que “mostra” o surgimento de tumores em ratos provocado pelo consumo de milho geneticamente modificado carece de qualquer base científica


Mais uma vez o grupo do prof. Séralini brinda a comunidade científica com um artigo que pretende demonstrar efeitos deletérios do consumo de milho GM em mamíferos. Em todos os sites da internet que divulgam notícias sem ir ao fundo delas está dito o que o autor principal declarou aos jornais: que os efeito são claros, que é um crime liberar este produto para consumo, etc.

Mas o artigo é um completo desastre científico e fica muito difícil entender como uma revista científica de qualidade aceitou tamanho disparate. Para que o leitor entenda a questão é essencial saber que estudos de curta e média duração com milho GM já foram feitos com diferentes animais experimentais, em diferentes condições, e nunca apontaram qualquer efeito deletério sobre a saúde dos animais experimentais. É importante também saber que o milho NK603 é consumido por animais e serem humanos há quase uma década, pelo mundo afora, sem qualquer relato de problemas de saúde. Assim, soa muito estranho que um experimento conduzido em ratos tenha mostrado um impacto tão grande, com o aparecimento de tumores nos animais.

Neste comentário não vamos entrar nos detalhes estatísticos do trabalho e na forma deficiente como os resultados são apresentados. Isso será encaminhado ao público mais tarde. Vamos apenas trazer ao conhecimento público o que ocorre quando ratos da raça escolhida pelo grupo francês são mantidos em laboratório por mais do que os regulares 6 meses.

Os leitores devem saber que um rato costuma viver em média cerca de 700 dias, portanto menos de dois anos. A pretensão do Dr. Séralini e seu grupo de fazer um estudo de longa duração com um animal que vive tão pouco já começa errada aí. Como todos os grupos de mamíferos,  à medida que vão envelhecendo, os ratos começam a apresentar tumores (malignos ou não) em diversos órgãos e tecidos do corpo, e isso é especialmente comum nos ratos da raça escolhida pelo grupo francês. A tendência a ter tumores pelo corpo é genética nesta raça e nada tem a ver com o tipo de tratamento que se dá a eles. Claro é que muitos fatores podem aumentar ou diminuir um pouco esta tendência, mas são tantos (tipo de alimento, estresse, manipulação, etc., etc.) que é IMPOSSÌVEL deduzir o que quer que seja quando estes tumores começam a aparecer.  É exatamente por isso que os estudos com ratos em laboratório não podem ir além de uns poucos meses.

Pois bem: o Dr.Séralini empurrou a janela temporal de seu experimento até a morte dos ratos, quase dois anos depois de começar seu experimento. E, é claro, observou uma enorme quantidade de tumores nos ratos. Estes tumores devem ter aparecido também nos animais controle mas, espertamente, o artigo esconde isso num texto confuso e mal escrito. Em resumo, o grupo criou um factoide científico, empregando uma metodologia completamente errada. Suas conclusões são inválidas do princípio ao fim e é realmente uma vergonha que uma revista conceituada como a Food and Chemical Toxicology tenha aceito o artigo.

Para leitura dos mais interessados, recomendamos os artigos abaixo, já muito bem assimilados pela ciência (publicados muitos anos atrás!), que descrevem os tumores espontâneos  em ratos (da raça usada pelo grupo francês) e em camundongos:

Recomendamos com muita ênfase a leitura do artigo abaixo, que mostra a forma importante como variações da dieta (que nada tem a ver com transgênicos) afetam o aparecimento dos tumores.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Guía para Evaluación de Riesgo Ambiental de Organismos Genéticamente Modificados – una iniciativa de América Latina


Fue lanzado el manual para día a día del evaluador de riesgos de OGM.

Estimados lectores: La Guía para Evaluación delRiesgo Ambiental de Organismos Genéticamente Modificados, en su versión en español, por fin está disponible gracias al trabajo dedicado de los autores y del ILSI-Brasil. Se compone de dos secciones: en la primera se explican todos los pasos de la evaluación de riesgo y su relación con los demás elementos de análisis de riesgos. En la segunda sección al lector tiene seis ejemplos concretos de aplicación del tutorial proporcionado por la guía.

Aunque la guía sigue las directrices generales del Protocolo de Cartagena, mantiene un nivel de simplicidad y claridad sin precedentes y seguramente será una de las herramientas más útiles en la evaluación del riesgo ambiental de OGMs, tanto para principiantes como para los evaluadores más experimentados.

Las siguientes palabras del Prof. Dr. Flavio Finardi, presidente de la CTNBio (Brasil), son la presentación formal de la guía para el público, en su versión impresa.

Presentación

El lanzamiento de esta guía es una iniciativa oportuna concebida por un grupo de expertos en biotecnología que dedicó parte de su tiempo libre para transmitir, de forma sencilla y didáctica, los pasos de la evaluación de riesgos de los OMG. Los autores añaden también las medidas efectivas que se adoptan en cada caso, siempre que se sospecha de riscos al ambiente derivados de la autorización para el uso comercial del producto opinión.

Tengase en cuenta que el propósito de la Guía es para ser utilizada como tal en el día a día, para una referencia rápida y objetiva, para resolver las cuestiones que se plantean, y seguir caminos seguros específicos para cada evento de transformación generada por la biotecnología moderna. Espero que esta guía sea ampliamente empleada en los diferentes países que han adoptado la tecnología de recombinación genética para el desarrollo de nuevas variedades, razas y cepas de organismos.



Guia de Avaliação de Riscos Ambientais de Organismos Geneticamente Modificados – uma iniciativa da América Latina


Lançado o manual para o dia-a-dia do avaliador de riscos

Caros Leitores, o Guia de Avaliação de Riscos Ambientais de Organismos Geneticamente Modificados, em sua versão em espanhol, está finalmente disponível, graças ao trabalho dedicado de seus autores e do ILSI-Brasil.  Ele é composto de duas seções: na primeira estão explicados todos os passos da avaliação de risco e como esta se relaciona aos demais elementos da análise de risco. Na segunda seção são oferecidos ao leitor seis exemplos concretos de aplicação do passo a passo oferecido pelo guia.

Embora o guia siga as diretrizes gerais do Protocolo de Cartagena, ele mantém um nível de simplicidade e clareza inédito e será seguramente uma ferramenta da maior utilidade na avaliação de risco de OGM, tanto para avaliadores iniciantes como para os colegas mais experientes.

As palavras a seguir, do Prof. Dr. Flávio Finardi,  presidente da CTNBio (Brasil), são a apresentação formal do guia ao público, na sua versão impressa.

Presentación

El lanzamiento de esta guía es una iniciativa oportuna concebida por un grupo de expertos en biotecnología que dedicó parte de su tiempo libre para transmitir, de forma sencilla y didáctica, los pasos de la evaluación de riesgos de los OMG. Los autores añaden también las medidas efectivas que se adoptan en cada caso, siempre que se sospecha de riscos al ambiente derivados de la autorización para el uso comercial del producto opinión.

Tengase en cuenta que el propósito de la Guía es para ser utilizada como tal en el día a día, para una referencia rápida y objetiva, para resolver las cuestiones que se plantean, y seguir caminos seguros específicos para cada evento de transformación generada por la biotecnología moderna. Espero que esta guía sea ampliamente empleada en los diferentes países que han adoptado la tecnología de recombinación genética para el desarrollo de nuevas variedades, razas y cepas de organismos.


Para download do guia no formato pdf, basta acessar o link.