Assim que começaram as críticas ao trabalho de Séralini e seus colegas,
houve um pedido da comunidade científica para que ele submetesse ao site online
da revista os dados brutos de seu trabalho. Este é um pedido normal e a reação
normal seria a de atender aos pares. Ao invés disso, o Dr. Séralini disse que
não faria nada disso (nem à revista e nem a EFSA, que lhe pediu o mesmo),
porque a EFSA tampouco abriu ao público os dados completos da avaliação de
risco do milho NK603.
Ora, são duas coisas completamente diferentes: o órgão de governo recebe
os dados da empresa e o dossiê de avaliação e deve manter sigilo sobre um
conjunto destes dados, pelo menos até a liberação comercial. A revista
científica faz exatamente o contrário e deve divulgar absolutamente tudo que
faz parte do trabalho aceito para publicação. O Séralini (e qualquer um de nós,
na ciência) sabe muito bem disso.
Mas o francês continuou insistindo, e a turma que o apoia batendo palmas
(recomendação da sabedoria popular: não bate palma prá doido que vira
festa...). Até ontem o homem ainda se sentia órfão destas informações que pouco
acrescentam ao seu trabalho, porque o grosso do que interessa já foi publicado
(e ele nem citou na sua opera magna)
(veja Séralini: «Qu'on
décortique les études de Monsanto comme les ...).
Agora a EFSA atendeu os seus pedidos e deu ao Dr. Séralini acesso a
todos os dados que fizeram parte da avaliação de riscos do milho NK603 no
âmbito da autoridade europeia (veja EFSA Provides Séralini et al with Data
on GM Maize NK603).
Juntando isso ao recente posicionamento das academias de ciência da
França, do ANSES e do Alto Conselho de Biotecnologia, cremos que a página da novela Séralini X ciência está virada,
ao menos pelas pessoas sensatas. Vamos ver se seguiremos com Brecht ou com Ionesco.
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