segunda-feira, 2 de março de 2015

Entidades trazem à CTNBio denúncia sobre supostos perigos do eucalipto transgênico: crítica à inconsistência da análise

Caros leitores

Como de hábito, às vésperas das votações importantes da CTNBio as redes sociais abarrotam-se de manifestos e cartas contra uma provável decisão de liberação comercial que se aproxima.

Agora é o caso da liberação do eucalipto transgênico e de um milho tolerante ao herbicida 2,4-D: um novo manifesto, liberado pelas indefectíveis Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), tendo por companhia a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), vem se manifestar contra o eucalipto e o milho. Para o milho não há novidade alguma na avaliação de risco: a CTNBio já tem uma imensa experiência com os milhos anteriores e a diferença aqui é a tecnologia associada (isto é, outros herbicidas). O uso dos herbicidas NÃO É DA ALÇADA da CTNBio, mas sim do MAPA, o que invalida toda e qualquer discussão sobre o tema agora. Ele pode ser retomado quando da aprovação do produto pelo MAPA.


Quanto ao eucalipto, as argumentações no texto da própria carta e num segundo texto, linkado ao final da carta (http://www.mst.org.br/2015/03/02/entidades-escrevem-manifesto-contra-a-liberacao-de-eucalipto-transgenico-na-ctnbio.html) não trazem um único grama de novidade: todos os perigos foram tratados pela CTNBio, mesmo aqueles que não são ligados ao impacto direto do eucalipto transgênico na saúde ou no ambiente. Na maioria, os perigos estão sustentados por argumentos fantasiosos e são, eles mesmos, pura fantasia. Para constatar que os perigos foram cuidadosamente avaliados (se inerentes ao transgênico) ou ao menos discutidos (se inerentes à tecnologia) na CTNBio, está disponível uma avaliação de risco semelhante à feita pela Comissão: http://genpeace.blogspot.com.br/2015/02/avaliacao-de-risco-do-eucalipto.html. Ela segue a ciência e a forma internacional de classificar riscos, descartando perigos imaginários. Se desejarem, há também uma réplica à carta inicial que disparou a recente onda de postagens: http://genpeace.blogspot.com.br/2015/02/replica-carta-aos-ministerios.html

O curioso é que, até agora, não há novas manifestações de entidades nacionais de apicultores e nunca houve qualquer manifestação por parte dos grandes exportadores de mel e outros produtos apícolas...

6 comentários:

  1. Claramente você não é biológo.... Não levou em conta nenhum argumento biológico e só se apoia na crença de uma CTNBio que seja eticamente e cientificamente perfeita, o que está BEM longe de ser verdade. Vai ler um pouquinho =)

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  2. Gabriela, eu não sei de onde você tirou que eu não sou biólogo (ou não entendo de biologia): afinal, a avaliação de risco do eucalipto, linkado aí em cima, foi escrita com minha contribuição... O que está afirmado não deriva de nenhuma confiança cega na CTNBio, mas na avaliação de risco.

    Além disso, fui membro da Comissão por 6 longos anos e conheço de perto e a fundo a Comissão. A CTNBio não é perfeita, mas zela ela ética e pela avaliação científica dos riscos dos OGMs, que é sua função.

    Sugiro que você leia a avaliação de risco linkada e que visite uma ou duas reuniões da CTNBio (sim, são abertas ao público). Pode também ler o guia de avaliação de riscos que escrevemos, e que também está disponível (http://www.ilsi.org/Brasil/Documents/OGM%20-%20Portugu%C3%AAs%20-%20protegido.pdf) . Estes textos têm toda a base científica (biológica, etc.) necessárias a uma abordagem séria do problema dos OGMs, do ponto de vista de seu impacto direto na saúde e no ambiente.

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    1. Conclusões baseadas em dados que a empresa que vai ganhar milhões com isso disponibilizou... Qual a chance de eles serem enviesados, né?
      Que abelha voa só 600m para forragear fazendo o risco de contaminação ser 0? Que tipo de fiscalização do plantio vai garantir que não haja contaminação? Não sou contraria a OGMs, muito menos por razões puritanas ou pseudo-científicas, mas temo que esse eucalipto vá se transformar um sério problema ambiental caso seja liberado para comercialização.

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  3. Gabriela, mais uma vez eu sugiro que você leia os textos linkados. Você verá que as conclusões estão baseadas na literatura internacional, em dados gerados por pesquisadores de instituições públicas e nos dados da empresa. A possibilidade de um viés ainda existe, mas é pequeno.

    Eu posso entender sua preocupação com o impacto do pólen transgênico sobre o mel, a eventual presença deste pólen sobre o mel e sua aceitação no mercado e o impacto que o eucalipto poderia ter na biota. Isso tudo foi muito bem estudado na avaliação e uma forma didática dela está no link acima. Se você tiver ânimo de ler, acho que poderá extrair boas informações de lá e talvez algumas dúvidas surjam, desta vez baseadas em dados concretos. Terei o maior prazer em responder qualquer questionamento seu.
    Att.
    Paulo Andrde

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    1. Você não entendeu: eu estou contestando esses dados. Eles não são confiáveis, sendo vários pesquisadores de instituições públicas estão ligados e recebendo financiamento de empresas de biotecnologia. Inclusive você que é professor de uma universidade pública trabalha numa delas.

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  4. Gabriela, a afirmação de que os pesquisadores quase todos têm o rabo preso com as empresas do agronegócio é falsa, basta que você olhe nos currículos de cada um (estão online no CNPq-Lattes), visite as universidades e conheça um pouquinho, só um pouquinho mais, o universo acadêmico. Repetir esta afronta aos nossos pesquisadores (e aos do resto do Mundo) como se grande maioria fosse de vendidos é completamente impróprio. Seria o mesmo se nós, cientistas, afirmássemos que todos os que militam nos movimentos ambientalistas recebessem dinheiro de partidos políticos e empresas interessadas em selos verdes e coisas assim. Evidentemente, haverá uns poucos cuja militância está ligada ao dinheiro, mas é a exceção,
    Eu fui pesquisador da UFPE por longos anos e nunca trabalhei para as empresas que criam ou comercializam plantas transgênicas. Na década de 90 desenvolvemos um antígeno recombinante para o diagnóstico da leishmanisoe visceral, que hoje é a base para o ensaio mais empregado nesta doença em cães. Mas a empresa que o produz, fundada por mim e alguns colegas (uma micro, micro empresa) nada tem a ver com a biotecnologia agrária e eu nem sequer mais sou sócio! Está tudo no CV do Lattes, mais uma vez.

    Gabriela, o que é importante é o seguinte: a avaliação de risco (cujo resumo - longo está postado, numa linguagem mais acessível ao público) levou em conta todos os perigos percebidos pelos vários atores, filtrou tudo isso à luz da ciência e ao fim concluiu que os riscos de impactos negativos DIRETOS do OGM (aliás, de todos até agora avaliados pela CTNBio) são mínimos.

    Se você crê que erramos em algum lugar (e que a CTNBio continua errando, uma vez que faz dois anos já não sou mais membro da Comissão), por gentileza nos aponte exatamente onde erramos e teremos, como manda a lei ea lógica, de rever a avaliação, suspendendo as autorizações já concedidas, caso a caso.

    Att.
    Paulo Andrade

    PS. Desculpe a demora em comentar.

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