sábado, 28 de junho de 2014

Scientists supporting the republication of Séralini´s paper on transgenic maize and tumor in rats expose the weakness of their position and jeopardize the scientific community

Sustainable Pulse published the opinions of two scientists, welcoming the republication of Seralini´s  zombie paper.  The analysis of their opinions sheds some light on the strategy used by those opposing biotechnology. As you will see from the examples below, the scientific content of the paper is not really mentioned, but rather the circumstances involved in its retraction and rebirth in a new journal. The strategy is to disguise the truth. Moreover, their opinions are heavily laden with a historical prejudice against the science main trend, cleverly disguised in a “neutral” analysis. My comments are in red italics.

Comments from scientists
Dr. Michael Antoniou, a molecular geneticist based in London, commented on the criticisms evoked after the first publication of the paper:, “Few studies would survive such intensive scrutiny by fellow scientists. It did not survive! The scientific community killed it, as well as the editor. The republication of the study after three expert reviews is a testament to its rigour, as well as to the integrity of the researchers . Not at all! The reviewers did not check for scientific quality, but just if the “new” contents were similar to those previously present in the retracted paper (see Nature news http://www.nature.com/news/paper-claiming-gm-link-with-tumours-republished-1.15463?WT.mc_id=FBK_NatureNews)Besides, in what way a republication would confirm a supposed “integrity of the researchers”?

“If anyone still doubts the quality of this study, they should simply read the republished paper. The science speaks for itself. Absolutely! Sience speaks for itself. Therefore, the reader must read the paper and will consequently  see again why it was retracted: it is just a hoax.

“If even then they refuse to accept the results, they should launch their own research study on these two toxic products that have now been in the human food and animal feed chain for many years.” These studies exist, hundreds of them, and they don’t follow Seralini´s methodology. Why? Because his methodology is fully inadequate and this is the main cause of the paper retraction.


Dr Jack A Heinemann, Professor of Molecular Biology and Genetics, University of Canterbury New Zealand, called the republication “an important demonstration of the resilience of the scientific community”. Not at all: the scientific community was against Séralini´s methods and conclusions, as demonstrated by the many statements from scientific societies and academies, risk assessment agencies and prominent researchers, as well as by the  journal editor himself. Dr Heinemann continued, “The first publication of these results revealed some of the viciousness that can be unleashed on researchers presenting uncomfortable findings.  He is referring to the supposed influence of Monsanto on the editor´s decision to retract the paper and to the immediate and large opposition from the most diverse scientific sectors to the publication. The opposition, as well as the retraction, was a response to the publication of one of the most unethical, biased and clearly fraudulent paper ever. I applaud Environmental Sciences Europe for submitting the work to yet another round of rigorous blind peer review (as I said before, there was absolutely no peer review from Environmental Sciences Europe) and then bravely standing by the process and the recommendations of its reviewers, especially after witnessing the events surrounding the first publication. No recommendations at all, since no peer review was done; Seralini did an extensive make up of the paper trying to reduce the weak points of its publication, but the results were still far from acceptable.

“This study has arguably prevailed through the most comprehensive and independent review process to which any scientific study on GMOs has ever been subjected. Completely false, as commented before: the first – and only – reviewing process was weak and missed to point the flaws that were later subject to severe criticism. These flaws ultimately led to the retraction of the paper.

“The work provides important new knowledge that must be taken into account by the community that evaluates and reports upon the risks of genetically modified organisms (the results do not allow a comprehensive conclusion and therefore do not even shed some doubts on previous risk assessments of the transgenic maize used in Seralini´s experiments), indeed upon all sources of pesticide in our food and feed chains. In time these findings must be verified by repetition (not at all! What is the use to repeat a flawed experiment?! Moreover, there is a large set of data showing the opposite of those produced by Séralini) or challenged by superior experimentation (any experiment will be superior to the trash produced by Séralini). In my view, nothing constructive for risk assessment or promotion of GM biotechnology has been achieved by attempting to expunge these data from the public record.” On the contrary: the paper should have been rejected from the very beginning and it was a major mistake of the former FCT editor to be lured by the reviewers and to have accepted the faked paper.

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What is the main strategy disclosed  here? 
The use of catchphrases and general ethical concerns to misconduct the discussion and to fill the text with lies (in this case, a non-existent peer review). Beware of those who use this strategy.

For a lot of new information and comments from scientists, see http://www.geneticliteracyproject.org/2014/06/24/scientists-react-to-republished-seralini-maize-rat-study/ 

Transgênicos e danos à saúde: tantos resultados vitais para a sobrevivência da Humanidade deveriam ter sido publicados em revista de enorme impacto. Porque Séralini não publicou seu artigo na Nature?

Recife, 28 de junho de 2014

Esta postagem é a 200ª. do portal GenPeace, que chega agora a 40.000 visitas, espalhadas pelo Brasil e por mais de 15 países. O responsável pelo blog, Prof. Paulo Andrade, agradece o interesse de todos ao longo destes dois anos.

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Sinopse do artigo zumbi e de sua história pregressa

Séralini e seus colegas alimentaram ratos por 2 anos com milho transgênico e observaram que tinham mais tumores e outros problemas graves de saúde do que os animais alimentados com milho convencional. O artigo estava recheado de erros metodológicos gravíssimos (da escolha da linhagem de ratos, passando pelo desenho experimental e terminando na estatística) e nunca deveria ter sido aceito. Mas o foi, causando uma enorme polêmica e um tremendo desgaste para as agências de avaliação de risco. Depois de um ano, foi retirado de circulação pela revista, uma vez que os autores se negaram a fazê-lo, quando solicitados.

Mais uma vez no cenário, republicado por uma revista científica europeia, o artigo zumbi de Séralini  está cercado de polêmica.

Os autores saíram em campo dizendo que o artigo foi revisto pelos pares (peer-reviewed) e voltaram a insistir nas mesmas conclusões anteriores. Mas um dos editores da revista deixou antever, numa frase obscura, que não houve revisão alguma. Pressionados, os editores declararam que não houve revisão de mérito, mas apenas de forma: o conteúdo  foi essencialmente igual ao do artigo anterior, rejeitado pela revista Food and Chemical Toxicology.

Afinal, porque um artigo rejeitado por falta de consistência científica é republicado numa revista cientifica, ou que ao menos assim se intitula? Os editores já tinham explicado ao público: para disponibilizar o acesso a um artigo que deveria ser mais discutido, ao menos em relação a sua metodologia. Certo? Errado!

 O acesso ao texto pode ser feita de muitas outras formas, inclusive pelo site do Criigen, instituto que apoia o Séralini, não há a menor necessidade de republicar um artigo retirado de uma revista séria para se garantir acesso a ele. A republicação, por outro lado, abriu espaço para que o próprio Séralini e toda a sua legião de aduladores, aproveitadores e admiradores inocentes afirmem que está corroborada a “qualidade” do trabalho, o “erro” do editor da revista anterior e a influência da Monsato. Tudo abobrinha.

Dois dias depois da republicação  os portais brasileiros que normalmente apoiam o Seralini ainda estavam quietos. Finalmente eles aparecem, a partir de 26 de junho (Brasil de Fato; Em pratos limpos: AS-PTA), embora timidamente, repetindo o que dizem seus ícones estrangeiros de sempre.

A História se repete, a primeira vez como drama, a segunda como farsa.

Mas, afinal, se os resultados do Seralini mostram que o milho transgênico impacta diretamente a saúde de bilhões de pessoas e animais que consomem comida ou ração transgênica, porque não foram aceitos e publicados nas revistas mais importantes, como a Nature, a Science, o New England Journal of Medicine ou a Lancet? Não é óbvio que algo assim tão importante deveria ter sido publicado em prestigiosa revista desde a primeira vez, quase dois anos atrás?

Alguns argumentarão que as grandes empresas controlam os conglomerados editores, mas isso é completamente absurdo. Outros poderiam argumentar que os autores nem procuraram publicar nestas revistas, o que já é mais razoável. Seja como for, a Food and Chemical Toxicology é uma revista de bastante prestígiosa e, se o artigo não tivesse sido retirado dela, o Séralini e sua turma estariam à vontade para afirmar que seu artigo havia sido revisto pelos pares (como de fato o foi, ainda que mal!).  Na sua segunda tentativa, o Seralini deveria ter procurado uma revista de grande impacto. Provavelmente o fez, deve ter tentado várias, mas terminou numa revista de baixíssimo impacto e que tem claramente um viés contra a biotecnologia agrícola e contra muitas outras novas tecnologias (link 6).

Que lição se tira disso? Que a republicação é um golpe publicitário e não representa reconhecimento algum do mérito do trabalho anterior. A republicação mostra quem é Séralini: um pseudo-cientista a soldo dos aglomerados comerciais orgânicos e contra os alimentos transgênicos. O Séralini conta em geral com amplo apoio de um movimento contra os OGM que vem sendo financiado  internacionalmente por grandes redes de supermercados e outras grandes empresas, com zero de transparência e total desprezo pela ciência e seus métodos.

Agora o artigo zumbi vai galopar por um tempo que dependerá da eficiência da comunidade científica em desmascará-lo, com apoio da mídia. Não se deve esperar que a nova revista, a Environmental Sciences Europe (http://www.enveurope.com/) retire o artigo de circulação, pois não precisa manter uma credibilidade que não tem. Mas, em nossa leitura, este prato requentado já não atrai tanto a atenção da grande mídia e mesmo entre a mídia alternativa, online, ele vem sendo olhado com muita desconfiança. Acreditamos que o zumbi será sepultado em breve, restando dele apenas o fedor e o susto que deu nas criancinhas expostas a suas histórias de terror.


terça-feira, 24 de junho de 2014

O artigo republicado de Séralini: a revista sectária e as estranhas palavras de seu editor

Car@s leitores.

Como lhes havia indicado na minha postagem anterior (http://genpeace.blogspot.com.br/2014/06/republicado-o-artigo-zumbi-de-seralini.html), a revista Environmental Sciences Europe é prá lá de comprometida com o movimento anti-OGM. Nela publicam os membros de organizações militantes tais como ENSSER, Genok, Testbiotech e o próprio Criigen, claro. Uma análise detalhada está disponível em ddata.over-blog.com/xxxyyy/1/39/38/37/critical-analysis-of-Env-Sci-Eur.pdf : eu sugiro fortemente a leitura deste estudo.

Vendo as declarações de vários autores neste cenário momesco, me chamou a atenção o que nos diz o editor da revista em relação à republicação do artigo do Séralini:

...any kind of appraisal of the paper’s content should not be connoted. The only aim is to enable scientific transparency and, based on this, a discussion which does not hide but aims to focus methodological controversies. Winfried Schröder (Editor)

...não se deve assumir qualquer tipo de avaliação do conteúdo do paper. O único objetivo é permitir a transparência científica e, com base nisso, uma discussão que não se esconde, mas tem como objetivo focar controvérsias metodológicas. Winfried Schröder (Editor)


O que, exatamente, quis dizer o nosso bravo Schröder? Que o corpo editorial não avaliou o conteúdo e que a publicação foi feita apenas para garantir a circulação do artigo pela internet (já que a revista é Open Access)? Se é isso, pode-se admitir como uma falha gravíssima do editor: a revista tem que primar pela qualidade e consistência científica. Quem garante que o artigo circule entre os interessados é a legião de atores envolvidos nesta discussão de “ratos com tumor”, que beira o teatro de Ionescu. 

Republicado o artigo zumbi de Séralini: os ratos são os mesmos, os dados os mesmos, apenas houve uma maquiagem bem feita.

Car@s leitores.

Como anunciamos (http://genpeace.blogspot.com.br/2014/06/o-zumbi-redivivo-seralini-tenta.html) , o Séralini e a sua trupe anunciaram hoje (24 de junho de 2014, dia de São João) que voltará à vida o estudo zumbi sobre os ratos com tumor depois de comer milho GM. O novo artigo é vazio de conteúdo novo, um balão. Melhor seria se tivessem soltado balões para enfeitar nosso céu.


Mas, melhor do que isso, vocês devem ler o “novo” artigo, exatamente na revista que, dissemos, aceitaria esta nova versão da mesma porcaria: http://www.enveurope.com/content/26/1/14. Vale a pena uma visita a edições anteriores para vocês poderem aquilatar que tipo de "pesquisadores" publica nela.

Também disponibilizo o link para o Press release do Criigen: uma pérola digna dos melhores discípulos de Goebbels - https://www.dropbox.com/l/X1550KyT2lUlTWDIGe61Vr?

Há outros comentários sobre a revista e sobre as palavras "herméticas" de seu editor em http://genpeace.blogspot.com.br/2014/06/o-artigo-republicado-de-seralini.html 

Os papagaios de plantão no Brasil ainda estão dormindo, talvez devido à ressaca da partida de ontem no Mundial. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Exposição a certos inseticidas durante a gravidez parece aumentar o risco de autismo e distúrbios relacionados – o que os transgênicos têm a ver com isso?


Foi aceito hoje (23 de junho de 2014) para publicação na revista ENVIRONMENTAL HEALTH PERSPECTIVES um interessante artigo intitulado “Neurodevelopmental Disorders and Prenatal Residential Proximity to Agricultural Pesticides: The CHARGE Study”. Nele os autores (todos da Universidade da Califórnia) avaliam a associação entre ASD (um conjunto de doenças associadas ao autismo), o retardo de desenvolvimento (DD) e a proximidade da residência a locais de aplicação de inseticidas agrícolas. O artigo pode ser lido na autismo em http://ehp.niehs.nih.gov/wp-content/uploads/advpub/2014/6/ehp.1307044.pdf.

O estudo foi conduzido na Califórnia dentro de rigorosos princípios estatísticos, epidemiológicos e clínicos e confirma as sugestões de autores anteriores sobre um aumento de risco de certos distúrbios neurológicos e a exposição in útero a inseticidas (especialmente organofosforados, piretróides e carbamatos).  Os autores concluem:

Crianças de mães que vivem próximo a áreas agrícolas ou que são expostas de outra forma a pesticidas organofosforados, piretroides ou carbamatos durante a gestação podem estar expostas a um risco aumentado de distúrbios de neurodesenvolvimento.

Esta é uma informação da maior importância para o regulador, pois, se confirmada, pode levar a restrições importantes de uso destes inseticidas e a ações preventivas durante a gravidez e a primeira infância.

Muito bem: e o que isso tem a ver com os transgênicos? Podemos dividir as plantas transgênicas atuais em dois grupos: as tolerantes a herbicidas e as resistentes a insetos. No primeiro caso, um pesticida é aplicado no controle das ervas daninhas. Como o artigo acima fala de pesticidas, é muito provável que logo apareçam comentários na internet afirmando que o artigo mostra uma relação entre autismo e transgenia. Só que os pesticidas estudados nesta avaliação de risco de autismo são todos inseticidas e têm alguma ação neurotóxica. Então, as plantas GM tolerantes a herbicidas (inclusive ao glifosato) não têm nada a ver com isso.

E as plantas resistentes a insetos? Neste caso elas dispensam em grande parte o uso de inseticidas e teriam, por obrigação, menos relação com a exposição a inseticidas do que as plantas convencionais. Mas... e a proteína inseticida (Cry, VIP ou outra), não poderia ser ela a vilã? De forma alguma, uma vez que estas proteínas não são neurotóxicas nem muito menos alcançam os moradores nas casas próximas: afinal, elas estão dentro das células do milho ou a soja e não podem “pular” daí para as pessoas em volta.


Em conjunto, é fácil ver que não existe qualquer relação entre este artigo, com seus pesticidas (inseticidas) avaliados e as plantas transgênicas.  Mas tenho certeza que logo vão começar a “pipocar” postagens mostrando que tudo é culpa dos transgênicos e da Monsanto.

domingo, 22 de junho de 2014

O zumbi redivivo: Séralini tenta republicar seu artigo “mostrando” outra vez danos aos ratos pela ingestão de milho transgênico

Soube de fonte muito bem informada da França que o artigo zumbi do Séralini e de sua trupe será republicado. Bizarro!

O CRIIGEN, instituto de pesquisa “independente” onde trabalha o Séralini, já preparou a press conference aos mínimos detalhes, provando mais uma vez que, se eles são ruins em ciência, são excelentes na agenda setting da mídia. Tudo vai ocorrer com grande espalhafato dentro de dois dias na França (onde mais?): a entrevista coletiva terá lugar em Paris no dia 24 de junho, na Salle du bureau d'information du Parlement européen, Bvd St Germain, 288 (chega-se com o Métro 12, parada Assemblée Nationale) às 11:00 hs, quando será revelado o nome da revista e respondidas as questões dos jornalistas. O tal press release do CRIIGEN será então divulgado como informação suplementar.

Embora a revista ainda seja uma surpresa, não é difícil especular que será, provavelmente, a Environmental Sciences Europe, uma revista na qual o Séralini publicou recentemente e que também publica artigos de outros pesquisadores anti-OGM, como a Angela Hilbeck e a turma de “institutos de pesquisa” tais como Epigen, Gesellschaft für Ökologische Forschung e
Testbiotech, todos de Munique e que juntam a fina flor dos “ecologistas” de plantão. Esta turma garimpa verbas públicas e privadas para financiar pesquisas contra um monte de temas que trazem a si os holofotes da mídia. Como a revista é Open Access, há uma porção de downloads dos artigos, menos pela sua qualidade do que pela polêmica que geram.
Estejam preparados, portanto, para a repetição ad neuseam da mesma ária cantada pelos papagaios de plantão aqui no Brasil e no exterior. Haverá leitura prévia do "novo" artigo pelos psitacídeos, antes que repitam o press release do Criigen? Duvido muitíssimo.

Depois da press conference eu posto o “novo” artigo e outras informações e, então vocês, meus caros quatro ou cinco leitores, poderão avaliar com cuidado e se posicionar.

Observações adicionadas 48hs depois da postagem original:
Leiam também:
a) http://genpeace.blogspot.com.br/2014/06/republicado-o-artigo-zumbi-de-seralini.html
b) http://genpeace.blogspot.com.br/2014/06/o-artigo-republicado-de-seralini.html 

terça-feira, 10 de junho de 2014

Novamente o eucalipto transgênico: o “Mundo” se rebela, mas os danos ambientais e sobre a saúde não são diferentes dos que nos trazem os eucaliptos convencionais.

Começou circulando pelo Brasil, depois pela América Latina e agora circula pela Europa e pela América do Norte um abaixo assinado que  pede que a CTNBio não aprove o uso comercial de eucaliptos transgênicos. O texto em si já foi comentado em detalhe (http://genpeace.blogspot.com.br/2014/06/eucalipto-gm-e-perigoso-para-o-ambiente.html ). No site dos ativistas canadenses eles começam a história com alguns argumentos adicionais e citam, em seu apoio, as recomendações da COP – MOP (Convenção de Biodiversidade), como se o Brasil não cumprisse o que o Protocolo de Cartagena pede. Vejam o que os companheiros listam:

The Conference of the Parties, Urges Parties to:
(r) Reaffirm the need to take a precautionary approach when addressing the issue of genetically modified trees;
A aplicação do Princípio da Precaução é justamente o uso de uma avaliação de risco robusta e de uma legislação pertinente na aprovação do uso comercial de OGMs. O Brasil dispõe de uma legislação rigorosa e de uma comissão formada por 52 especialistas nas mais diversas áreas, cujas decisões têm sido sempre pautadas pelo uso da melhor ciência. Se o país decidisse sem avaliar riscos, usando este procedimento padrão internacional, aí, sim, não estaríamos usando o “Princípio da Precaução”, seja lá como ele for expresso (em
impresso) na cabeça de cada um.

(s) Authorize the release of genetically modified trees only after completion of studies in containment, including in greenhouse and confined field trials, in accordance with national legislation where existent, addressing long–term effects as well as thorough, comprehensive, science-based and transparent risk assessments to avoid possible negative environmental impacts on forest biological diversity; [1]/
Os estudos que pavimentaram o pedido de liberação comercial estendem-se pelos últimos 8 anos e incluem toda sorte de experimentos em laboratório,casa de vegetação e a campo. Portanto, o país está em completa conformidade com o que sugere a Conferência das Partes para o Protocolo de Cartagena.

(t) Also consider the potential socio-economic impacts of genetically modified trees as well as their potential impact on the livelihoods of indigenous and local communities;
O Brasil dispõe do Conselho Nacional de Biossegurança (instituído pela mesma lei que criou a CTNBio, em 2005), que se pronunciará oportunamente sobre isso, caso julgue necessário, uma vez que a CTNBio completa a avaliação de risco. A Comissão aguarda, agora, a audiência pública, onde serão ouvidas as preocupações sobre risco ambiental e à saúde dos vários setores da sociedade.

(u) Acknowledge the entitlement of Parties, in accordance with their domestic legislation, to suspend the release of genetically modified trees, in particular where risk assessment so advises or where adequate capacities to undertake such assessment is not available;
O que está dito neste item evidentemente não se aplica ao Brasil: nosso país tem uma larga experiência com avaliação de risco de OGM, em verdade maior do que maioria esmagadora das Partes do Protocolo, inclusive a Europa.

(v) Further engage to develop risk-assessment criteria specifically for genetically modified trees;
Nosso procedimento de avaliação de risco segue as diretrizes internacionalmente aceitas e é caso a caso. Portanto, estamos perfeitamente em conformidade com o que há de mais moderno e mais abrangente em avaliação de risco de OGMs. Embora este seja o primeiro evento de planta GM perene, o assunto já vem sendo aprofundadamente discutido ao longo dos últimos 8 anos a partir das avaliações a campo de eucalipto e laranja.

(w) Note the results of the Norway – Canada Workshops on Risk Assessment for emerging applications for Living Modified Organisms (UNEP/CBD/BS/COP-MOP/4/INF/13);
A CTNBio compila e analisa toda a literatura pertinente a cada caso avaliado e os documentos da CBD são, seguramente, importantes. Entretanto, mesmo as decisões da CBD nem sempre são mandatórias e muito menos as deste workshop. Aliás, o workshop observou, nem poderia deixar de fazê-lo, que “The general principles and methodologies for risk assessment contained in Annex III to the Cartagena Protocol also apply to transgenic fish, trees, viruses and pharmaplants”. O que se procurou na ocasião foi criar guias adicionais para alguns casos além das plantas anuais, já bem conhecidas. Mas a posição hiperpecaucionária dos noruegueses e sua absoluta falta de prática com avaliação de risco de OGM levou a um documento inútil na prática e recheado de preocupações irreais.
(x) Welcome the decision of the fourth meeting of the Conference of the Parties serving as the meeting of the Parties to the Cartagena Protocol to establish an Ad Hoc Technical Expert Group on Risk Assessment and Risk Management that is also mandated to address the issue of genetically modified trees;
O AHTEG na verdade já se debruçou sobre a avaliação de risco de plantas perenes geneticamente modificadas e o resultado é um desastre. O desastre é fruto tanto da inexperiência de boa parte dos membros do AHTEG em avaliação de risco em geral, como de uma perigosa distorção da avaliação, habilmente executada por alguns de seus membros, totalmente contrários à biotecnologia agrícola. De toda forma, o país não tem qualquer obrigação de seguir o que sugere o AHTEG, que nem sequer ainda concluiu seu trabalho de produzir um guia de avaliação de riscos.

(y) Collaborate with relevant organizations on guidance for risk assessment of genetically modified trees and guidance addressing potential negative and positive environmental and socio - economic impacts on the conservation and sustainable use of forest biodiversity associated with the use of genetically modified trees;
A CTNBio troca sempre ideias com suas parceiras pelo Mundo.Em especial no caso dos eucaliptos, a fonte primaria de informação é o OGTR Australiano. Assim, mais uma vez, o país segue o Protocolo de Cartagena.

(z) Provide the available information and the scientific evidence regarding the overall effects of genetically modified trees on the conservation and sustainable use of biological diversity to the Executive Secretary for dissemination through the clearing-house mechanism;
Toda a documentação produzida durante as avaliações de risco está disponível no site da CTNBio. Particularmente em relação à avaliação de risco para liberação comercial, esta documentação é depositada na Biosafety Clearing House, em conformidade com o que manda o Protocolo. Nada é escondido.

Remark [1]/ Where applicable, risks such as cross-pollination and spreading of seeds should be specifically addressed.
Isso é mais do que óbvio e é sempre um dos pontos mais importantes de qualquer avaliação de risco de plantas com pólen ou que produzem sementes. Uma observação assim só pode vir de gente que nunca fez avaliação de risco para uma agência de governo.

Basta de argumentos baseados no Protocolo.

Seguramente, o tal abaixo assinado será trazido e lido na audiência pública. Ele não contém um grama de questões de risco ligadas ao ambiente ou à saúde, diretamente ocasionadas pelo OGM, que é o assunto da CTNBio. Todas as outras questões, embora pertinentes, também estão tremendamente mal abordadas, refletindo um sectarismo obtuso. Vamos ver se surgem dados sobre riscos reais ou se vão ficar sempre mordendo o osso dos “efeitos não antecipados” em nome de um princípio de precaução com uma redação só deles e prá lá de “precaucionário”. A filosofia desta turma continua sendo:

“Nós num come o ocalito, então nós corta o ocalito!”


Fonte: http://www.anarkismo.net/article/12399

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Tribunal mantém RN-04 da CTNBio, que trata da coexistência entre milho transgênico e convencional


http://jurisprudenciaemrevista.wordpress.com/2014/06/09/trf4-tribunal-mantem-resolucao-do-icmbio-que-trata-do-plantio-de-transgenicos/


TRF4 – Tribunal mantém Resolução do ICMBio que trata do plantio de transgênicos

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidiu manter a Resolução Normativa nº 4/2007 da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, que dispõe sobre as distâncias mínimas entre cultivos comerciais de milho geneticamente modificado. O julgamento do recurso de apelação que questionava a resolução aguardava o voto da desembargadora federal Vivian Josete Pantaleão Caminha, que havia pedido vista em fevereiro deste ano.
O recurso de apelação foi movido pela Assessoria em Projetos e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), pela Associação Nacional de Pequenos Agricultores, pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e pela Terra Direitos após decisão de primeiro grau que manteve a citada resolução normativa.
Marga confirmou a sentença, sendo acompanhada pelo desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. Para ela, a prova disponibilizada nos autos não é suficiente para o provimento do recurso. Não há uma sistematização dos dados que permita a análise técnica dos estudos apresentados e os resultados são ainda preliminares, afirmou.
É preciso aqui, para a dimensão que esta Ação Civil Pública alcança, uma prova não acima de qualquer dúvida, mas pelo menos acima de dúvida razoável. Esta prova não foi produzida pelos autores. Há dúvidas e inconsistências na tese autoral. A Resolução, é certo, não é perfeita, poderia ser melhorada, mas no mínimo é um critério razoável que não é de ser afastado sem prova firme e segura, escreveu em seu voto.
A desembargadora concluiu seu voto dizendo que entende a preocupação da autora, mas que esta deveria amparar melhor sua argumentação. Não desconheço que o tema da contaminação das lavouras por transgênicos é preocupante. Assim poderão, quiçá, futuramente, em outra ação, se amparada em provas científicas e conclusivas, virem as autoras a comprovar sua pretensão, concluiu.
Vivian votou pela declaração de nulidade da resolução do ICMBio  ( o que o IVMBio tem a ver com isso, não sei. Provavelmene um erro da notícia), mas ficou vencida.
Nº do Processo: 5020884-11.2013.404.7000
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4ª Região​




segunda-feira, 2 de junho de 2014

Eucalipto GM é perigoso para o ambiente e nocivo à sociedade? Nem mais nem menos que o eucalipto convencional

Comentários sobre texto para um abaixo assinado exortando a CTNBio a não aprovar a liberação comercial do eucalipto transgênico com crescimento mais rápido

Recentemente uma ONG internacional veio a público pedir que se assine um pedido à CTNBio para que a Comissão “não autorize o plantio comercial do eucalipto GM pela Suzano/ FuturaGene ou por qualquer outra empresa que também tenha feito, ou venha a fazer no futuro, uma solicitação para essa liberação”.

A coisa começa errada porque a CTNBio só libera comercialmente o produto com base em considerações de biossegurança. O Ministério da Agricultura é que autorizará a cultivar para plantio. Além disso, a ONG mistura preocupações ambientais com sociais e o cenário vira uma bagunça completa. Vale a pena uma leitura do texto (em vermelho). Meus comentários seguem em preto.

Para: Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) do Brasil
Nós, abaixo assinados, fomos informados de que a FuturaGene, firma de biotecnologia de propriedade exclusiva da empresa de papel e celulose Suzano, apresentou uma solicitação para o plantio comercial de eucalipto geneticamente modificado (GM).
A Suzano/FuturaGene e outras empresas, como Fibria (ex-Aracruz) e ArborGen, vêm realizando experimentos de pesquisa e de campo com árvores GM há anos. O interesse da Suzano/FuturaGene tem sido o de aumentar a produtividade de suas plantações de árvores. A empresa argumenta que a nova árvore GM irá resultar em um aumento de 20% na produtividade e, assim, elevar “a competitividade e os ganhos ambientais e socioeconômicos por meio de maior produtividade, usando menos terra e, portanto, menos insumos químicos em geral, com menor liberação de carbono, bem como tornando a terra disponível para a produção ou a conservação de alimentos, e aumentando a renda dos produtores integrados”.[1] Essas afirmações contradizem os fatos que serão tratados a partir das informações a seguir.

ÁRVORES TRANSGÊNICAS AGRAVAM OS PROBLEMAS PROVOCADOS POR PLANTAÇÕES INDUSTRIAIS DE ARVORES, EM VEZ DE REDUZI-LOS
O uso de árvores GM de crescimento mais rápido em plantações industriais vai exacerbar os já conhecidos impactos sociais e ambientais negativos causados pelas plantações industriais de árvores, além de introduzir outros, devido aos riscos adicionais inerentes à engenharia genética.
Porque? Se as variedades GM crescem mais rápido, demandam menos terras para a mesma produção, logo a pressão sobre áreas ainda não empregadas no plantio de eucalipto ou será menor ou igual à atual (fruto do mercado internacional da celulose). Os impactos sociais serão, portanto, os mesmos ou menores que os do eucalipto convencional. Os impactos ambientais serão também menores ou iguais ao do eucalipto convencional, uma vez que o eucalipto é uma espécie exótica, sem parentes silvestres que possam cruzar com eles. Além disso, o impacto do pólen transgênico é idêntico ao do pólen das plantas convencionais, assim como o das demais partes da planta. Agora, se a área plantada vai aumentar ou diminuir, vai depender do mercado, não tem nada a ver com a transgenia.

As empresas de plantação industrial de árvores há muito prometem que os ganhos de produtividade levariam a menos uso da terra. No Brasil, por exemplo, onde a produtividade das plantações de monoculturas de árvores por hectare aumentou de 27 m3/ha/ano nos anos 80 para 44 m3/ha/ano atualmente, a área coberta por plantações cresceu, passando de cerca de 4 milhões de hectares no final daquela década para mais de 7,2 milhões de hectares hoje em dia. Historicamente, portanto, não há evidências de que o aumento da produtividade tenha levado à ocupação de menos terra por plantações industriais de árvores no Brasil. A recém-formada Indústria Brasileira de Árvores (IBA), que representa a indústria brasileira de plantação industrial de árvores, afirma que pretende duplicar a área desse tipo de plantação para 14 milhões de hectares até 2020.
A argumentação acima é uma bobagem: é evidente que uma maior produtividade reduz a demanda por terras, mas em última instância o que determina a expansão da lavoura é a procura no mercado. Não dá para tentar esquecer a lei da oferta e da procura, que rege o mercado desde que o Mundo é Mundo.

SUZANO BUSCA ABRIR NOVOS MERCADOS PARA PLANTAÇÕES DE ÁRVORES
A Suzano abriu recentemente uma nova fábrica de celulose no Maranhão, com capacidade para 1,5 milhão de toneladas/ano. Serão necessárias enormes áreas de terras cobertas com monoculturas de árvores para atender à atual demanda da Suzano por celulose, bem como a demanda adicional, especialmente seus planos de explorar novos usos da madeira com um projeto no mesmo estado, para produzir e exportar pellets para produção de energia, a serem queimados em conjunto com carvão no Reino Unido. O uso de biomassa para produzir energia em escala industrial continua muito polêmico, e seus impactos sociais, ambientais e climáticos negativos já foram bem documentados.
Porque o transgênico agravaria este quadro? Não há razão alguma para isso.

O POVO E MEIO AMBIENTE BRASILEIROS SERÃO PREJUDICADOS
Tanto o projeto de celulose quanto o de pellets visa exclusivamente lucrar com novas oportunidades de mercado – que é a missão de Suzano. Enquanto os lucros dessa expansão revertem para os acionistas da empresa, os custos sociais, ecológicos e econômicos, bem como o aumento do risco para a soberania alimentar regional e a saúde serão suportados pelo povo brasileiro, e principalmente pelas comunidades locais cercadas por plantações. Já existem numerosos e graves conflitos pelo acesso à terra, e as condições de vida das comunidades cercadas pelas operações da Suzano se deterioraram a ponto de muitas delas estarem lutando para garantir sua soberania alimentar e correrem cada vez mais riscos de perder seus territórios[2].
O impacto da monocultura é grande, mas isso nada tem a ver com o fato dela ser transgênica ou não.

CULTIVOS TRANSGÊNICOS LEVAM A UM AUMENTO DA APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS
Além disso, não há razão plausível para esperar que o uso de “insumos químicos”, incluindo agrotóxicos, diminua como resultado do plantio de árvores GM. Pelo contrário, ele aumentará com a crescente ocupação do solo que está planejada e a intensificação dos ciclos de cultivo e o consequente esgotamento da terra e dos nutrientes. O Brasil, infelizmente, já é o principal consumidor mundial de agrotóxicos, causando prejuízos a centenas, senão milhares, de vítimas por ano, aumentando a pressão sobre os já insuficientes serviços de saúde pública. As monoculturas industriais de árvores, carentes de biodiversidade e promovidas em escala muito grande, vão aumentar em muito a aplicação de agrotóxicos. Já foi provado que é falso o argumento usado pelo lobby da tecnologia GM, de que a introdução dessas culturas – como soja e milho – resulta em menor uso de pesticidas e fertilizantes. Em países como Brasil, Argentina e Estados Unidos – pioneiros na produção de soja e milho GM – a pesquisa mostrou não uma diminuição, mas sim um aumento alarmante no uso de agrotóxicos.[3]
Botando todos os transgênicos no mesmo balaio esta OGN quer fazer de tolos os leitores: o eucalipto em questão não pede nem mais nem menos defensivos agrícolas que o não GM. Além disso, é evidente que uma planta GM resistente a insetos demanda MENOS inseticida. Os dados que eles mostram, globais, são muito discutíveis e há várias publicações sérias mostrando exatamente o contrário.

ESGOTANDO O SOLO E AS RESERVAS DE ÁGUA
Modificar geneticamente as árvores para fazê-las crescer mais rápido, enquanto se planta em uma porção de terra em contínua expansão em plantações industriais de árvores cada vez maiores, só vai levar a um maior esgotamento dos nutrientes do solo e da água doce. Isto se aplica principalmente ao eucalipto, já famoso por seu voraz consumo de água, que mostrou causar secagem total de solos, nascentes e cursos d’água ao seu redor. As comunidades que vivem em torno de plantações de árvores não geneticamente modificadas, dentro e fora do Brasil, já fizeram muitos relatos de escassez de água e esgotamento do solo. A introdução de árvores GM de crescimento mais rápido só irá agravar ainda mais esta situação.
Agrava mais porque, se ela converte melhor os nutrientes e a água em madeira? Quanta bobagem!


IMPACTOS NEGATIVOS INESPERADOS DE CULTIVOS TRANSGENICOS PODEM SER AINDA PIORES COM ÁRVORES TRANSGÊNICAS
Existem graves incertezas com relação aos potenciais impactos ambientais e socioeconômicos das árvores geneticamente modificadas. Já foram relatados impactos inesperados das culturas alimentares GM, incluindo a proliferação de ervas daninhas resistentes a herbicidas, o surgimento de pestes secundárias que dizimam os cultivos, mudanças na fertilidade, como taxas mais elevadas de cruzamento, além de maior alergenicidade. Considerando-se o ciclo de vida longo e muitas vezes complexo das árvores e sua interação com a biodiversidade, é praticamente impossível prever as consequências e os impactos das árvores geneticamente modificadas. Embora não seja nativo do Brasil, o eucalipto é plantado com frequência, e a contaminação de eucaliptos não transgênicos pelo eucalipto GM é outro risco grave, embora a FuturaGene, paradoxalmente, aponte-o como algo positivo.[4] Alterará o caráter invasivo, atrairá novas pestes, enfraquecerá ou deterá os predadores? Essas perguntas nunca foram feitas e não há dados para respondê-las. O catálogo de riscos é alto.
O “catálogo de riscos” NUNCA se concretizou e nunca foi sequer reconhecido como tal pelas agências de avaliação de risco no Mundo. As tais “incertezas” foram reduzidas ao longo destes 15 anos de intenso uso de plantas GM pelo Mundo a fora. Hoje não existem mais os “impactos negativos inesperados”, que é a forma final do argumento do desesperado: se não há provas de danos, eu invento um risco hipotético, que nem preciso citar, mas apenas dizer que um dia vai se concretizar, em algum lugar, provocando algum dano...

Com base no histórico das plantações industriais de árvores e na introdução de culturas GM em geral, negamos a alegação da indústria de que a sociedade como um todo se beneficiaria da liberação comercial e do plantio de árvores GM. As evidências existentes apontam diretamente na direção oposta. O único benefício que vemos nesta nova tecnologia de alto risco com impacto futuro desconhecido (e um possível custo incalculável) é o de maiores lucros para os acionistas da Suzano.
Outra vez, se o transgênico vai ser ruim para a sociedade, não será pior que o convencional. Se, economicamente for mais vantajoso, será adotado por quem se interessar.

DEMANDAMOS NÃO AUTORIZAR O PLANTIO COMERCIAL DE ÁRVORES TRANSGÊNICAS
Pelas razões acima mencionadas, cientistas, advogados e organizações do mundo todo estão pedindo uma moratória global sobre a liberação comercial de árvores geneticamente modificadas, devido aos seus impactos sociais e ecológicos desconhecidos, mas potencialmente graves, e seus riscos econômicos incalculáveis, que recairiam esmagadoramente sobre o público.
Portanto, as organizações e pessoas abaixo-assinadas desejam expressar sua profunda preocupação e exortar a CTNBio a não autorizar o plantio comercial do eucalipto GM pela Suzano/FuturaGene ou por qualquer outra empresa que também tenha feito, ou venha a fazer no futuro, uma solicitação para essa liberação.

Aqui, mais uma vez, a ONG bota o eucalipto no mesmo balaio de todas as futuras árvores transgênicas, neste país ou no Mundo. É uma bobagem: a avaliação de risco é sempre caso a caso e um eucalipto traz riscos (ou não os traz) muito diferentes de um cajueiro ou de uma laranjeira. Além disso, a CTNBio só avalia os riscos de danos causados DIRETAMENTE pelo OGM. Até agora, a Comissão não viu risco algum; ela não pode nem deve se preocupar com a tecnologia: quem vê isso é o Conselho Nacional de Biossegurança.

Conclusão: toda a argumentação é distorcida e sem sentido quando a questão é o eucalipto GM contra o convencional. Mas será repetida pelos papagaios de plantão, podem ter certeza,  vendida como a mais pura verdade e comprada como tal pelos bobos que todo dia saem à caça de novidade na internet.