segunda-feira, 25 de maio de 2015

Rotulagem de transgênicos: porque não fazer (em poucas palavras)

Eu posso entender que um alimento precise exibir no seu rótulo as informações relativas a sua composição ou origem quando isso afeta a saúde do consumidor. Se contém glúten, que é prejudicial a portadores de doença celíaca, ou se contém castanha do Pará, porque muita gente é alérgica a esta castanha, ou se contém lactose, pois há gente que tem intolerância a este açúcar, e por aí vai. A defesa do consumidor, quando o ingrediente que lhe pode fazer mal está em mistura com outros e não pode ser identificado, só pode vir da rotulagem.

Não é o caso dos transgênicos: a autoridade nacional, a CTNBio, já avaliou os riscos de todas as plantas transgênicas hoje no mercado e concluiu que elas são tão seguras quanto as plantas convencionais para o consumo. Esta conclusão, aliás, foi a mesma para cada uma das plantas transgênicas avaliadas por autoridades nacionais em outros países e na Europa.

Então, a questão resvala da avaliação de risco (que é tarefa da autoridade nacional) para a percepção de risco (que é diferente para cada um de nós). Acontece que, se não há riscos diferentes entre alimentos GM e convencionais, há sim custos altos tanto para se rotular um alimento como transgênico como para rotulá-lo como livre de transgênicos. A rotulagem, por ser obrigatória, encarece os produtos da cesta básica (que leva vários ingredientes potencialmente transgênicos), sem contribuir em nada com a saúde do consumidor.

Alguém poderia argumentar que é um direito do consumidor saber, quando este tiver dúvidas sobre a segurança de um ingrediente, se este está no alimento que será consumido e em que porcentagem. Mas acontece que, não importa que ingrediente se escolha, sempre haverá um grupo de pessoas que considere sua presença no alimento um risco enorme, independentemente de serem os membros do grupo intolerantes ou alérgicos ao tal ingrediente. É o caso de certos aditivos alimentares sintéticos, mas também do sal, determinadas frutas, certas sementes, o alho, a cebola e mais um sem-fim de coisas que, na percepção de risco de uma parte dos brasileiros, representa um risco na alimentação. Ocorre que a autoridade nacional (ou autoridades, em alguns casos) já se pronunciou quanto à segurança do consumo dos vários “ingredientes perigosos”, determinando sua inocuidade. Por isso, os alimentos contendo estes ingredientes, para os quais ninguém é intolerante ou, quando muito, apresenta reações alérgicas raras e discretas, não necessitam de rótulo. Este é exatamente o caso dos transgênicos: ninguém jamais ficou doente ou teve alergias provocadas pelo consumo do ingrediente proveniente de uma planta transgênica hoje no mercado e sua rotulagem só atenderia um temor infundado, que nunca abriu caminho à rotulagem em casos semelhantes.


Por isso tudo, sou contra meter rótulos pequenos ou grandes, com ou sem símbolos, para distinguir os alimentos formulados com plantas transgênicas daqueles obtidos de plantas convencionais. As razões acima me dão esta convicção, independente dos aspectos legais, que são baseados numa lei confusa – presentemente sendo revista - e em decretos ainda mais confusos. Encarecer a comida do brasileiro para atender a um pequeno grupo de consumidores que crê haver perigo onde as autoridades de vários países nada veem não é democrático e não deve ser amparado por lei.

5 comentários:

  1. Continua a sua defesa do envenenamento das pessoas e da natureza. É melhor que elas não saibam que estão sendo envenenadas né?
    Não tem vergonha na cara não? Dorme bem a noite?
    Ao contrário da sua conclusão criminosa, vários países ja consideram os perigos reais desse absurdo e proibiram os transgênicos. França e Itália são dois exemplos.

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    1. Você quis dizer: "França e Itália são OS EXEMPLOS", né?! Amigo, não estamos mais no século passado para ficar com os achismos e velho discurso de sempre sobre transgênicos. Acredito que ele deva durmir de maneira excelente à noite, por contribuir com o esclarecimento desse assunto e difusão de conhecimento científico em meio a tanta abobrinha que se encontra pela internet quando se trata de engenharia genética. Sem falar, é claro, que esse senhor a quem você se refere como "sem vergonha" é ex-membro da CTNBio, professor e doutor em Biotecnologia. Vá ler blog do MST, que está precisando de público como você para discutir esse assunto. (OBS: Não comento anonimamente, ao contrário de você.)

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  2. Mais um exemplo
    http://www.contraosagrotoxicos.org/index.php/526-agencia-dinamarquesa-classifica-glifosato-como-cancerigeno

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  3. As alimentos presentes na natureza vem sendo consumidos a milhares de anos, portanto testados, os OMGs são extremamente recentes e não tem estudos conclusivos, muitos países tem leis que exigem a rotulagem dos OGMs, portanto VAI ESTUDAR antes de escrever bobagens !

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    1. Anônimo, o que é muito tempo? Dois anos, dez anos, 20 anos, 1000 anos. Quanto tempo tem a nectarina no mercado? Quanto tempo tem o badalado híbrido de sorgo e trigo? Quanto tempo no mercado está o arroz mutageneizado para ser resistente a herbicidas e que todo mundo planta e colhe no Brasil? Ah, você não sabia da existência deste arroz? Provavelmente não sabe que há mais de 3000 plantas mutantes (obtidas por radiação ou agentes químicos) que estão no mercado a menos tempo que os transgênicos (boa parte delas) e que são consumidas por gente e bicho sem problema e questionamento algum?

      Não se pode saber tudo, não é? Eu,por exemplo, não sei que tantos países são estes que exigem a rotulagem dos transgênicos? Você poderia nos dar alguma luz? Desde já agradecemos.

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