Sempre me
pareceu estranha a afirmação de que o eucalipto transgênico foi a primeira
árvore transgênica aprovada para fins comerciais. Depois de uma viagem para a
China e umas tantas investigações está claro que não fomos os primeiros.
Os chineses
começaram faz tempo a obter álamos (ou choupos) resistentes a inseto através da
expressão do gene cry1Ab (sim, ele, sempre...). Já em 1996 tinham várias
espécies de Populus transformadas, assim como os híbridos. Depois disso várias árvores foram
transformadas para expressar este e outros genes (http://www.fao.org/docrep/article/wfc/xii/0280-b2.htm)
. A China não é muito transparente na questão da divulgação das aprovações
comerciais para plantio destas árvores, mas estima-se hoje que muitos milhões
de hectares estão plantados com álamo resistente a insetos. Apesar disso, o
país é o maior exportador de mel... curioso, não é? Uma boa parte das árvores
transformadas pelos chineses é nativa da Ásia, ao contrario do eucalipto no
Brasil. Como eles equacionaram a questão do fluxo de genes e como viram os
eventuais riscos que isso pode representar para a biodiversidade, não sei:
faltam as avaliações de risco disponíveis em qualquer site oficial chinês.
No Brasil,
depois de mais de 8 anos de estudo, a CTNBio finalmente aprovou uma variedade
de eucalipto transgênico. Isso agora, em 2015. Esta espécie não é nativa do
Brasil e está longe de se espalhar como um álamo. Por isso, os riscos ambientais
são reduzidos. A questão do impacto em abelhas está completamente resolvida:
não existem. Se esta variedade demandar mais águam será uma questão de manejo,
uma vez que ela não vai ser um “poço sem fundo” devorador de água, como querem
alguns.
Recentemente os
americanos liberaram um pinheiro com madeira mais densa. O pinheiro é uma
árvore nativa dos EUA e seguramente muito mais “invasora” do que o eucalipto no
Brasil. As considerações ambientais foram poucas e logo serão muitos hectares
plantados com esta variedade.
Por fim, os
americanos também aprovaram uma macieira transgênica, cujo fruto não escurece
rapidamente quando cortado, como na maçã comum. Embora a macieira nãos seja
exatamente o que costumamos entender como uma espécie florestal, ela é uma
perene e pode passar muito tempo no campo. Portanto, as questões ecológicas são
parecidas, mas foram consideradas sem maior risco pelas agências amercanas.
Assim, caros quatro
ou 5 leitores, não estamos sós e, na verdade, estamos numa posição de muito
menos risco que nossos colegas americanos ou chineses. O que se fez, portanto,
foi muito barulho por nada: sugiro que o movimento internacional dirija seus
olhos para a China e os EUA e vá invadir estações experimentais e empresas por
lá: estou curioso para ver o que dá.
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