segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Por que o Greenpeace não é valente lá nos EUA? Reproduzindo uma postagem do Tijolaço

Deu no tijolaço.com.br de 11 de dezembro de 2014 | 18:09 Autor: Fernando Brito

O episódio do dano criminoso e imbecil causado por ativistas doGreenpeace (estrangeiros dirigindo e peruanos obedecendo) nas fantásticas  linhas de Nazca, no deserto peruano ultrapassa qualquer simpatia que se possa ter pelas teses preservacionistas que dizem defender.
Porque não pode haver  um grama de preservacionismo na mente de quem se dispõe a aparecer danificando um dos mais antigos e intrigantes monumentos humanos da América do Sul.
Só o que existe é marketing, a busca desesperada por uma notoriedade que rende, aliás, bons fundos para a organização.
Esta operação-imbecil, onde mais de uma dúzia de imbecis, sapatearam e remexeram uma área de acesso estritamente proibido pelo seu interesse arqueológico só produziu menos danos ali do que causou a quem defende com responsabilidade o meio-ambiente.
As desculpas do Greenpeace foram pífias. Dizer que “a atividade pareceu descuidada e ofensiva” é um nada.
Foi ofensiva e criminosa, isso sim.
Por que é que não vão dar o peito a bala e acabar com a caça que é permitida lá no país deles, os EUA? Ou com a mineração no Alasca?
É muito fácil defender cada árvore das florestas dos pobres, enquanto os ricos queimam petróleo e fazem emissões a rodo com hábitos perdulários que, aliás, são os primeiros a introduzir aqui.
Países ricos que se opõem a qualquer iniciativa global que considere que quem já devastou tudo nos últimos séculos não tenha de fazer sacrifícios maiores do que os “jardins do Éden”  que sobraram na Terra. Desde a recusa dos EUA a assinarem o Protocolo de Kyoto até a recusa da proposta brasileira de escalonar as obrigações de redução de gases do efeito estufa para cada país em proporção a  seu nível de desenvolvimento, só há boicote e sabotagem.
Muita gente que, de boa-fé, vibra com a ação de rapazes e moças que agem audaciosamente vai perceber, com esta monstruosidade que fizeram no Peru, o quanto há nisso de cobertura para que os grandes devastadores do planeta continuem a querer dar para os pobres as lições que eles próprios não seguem em casa.
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Não deixe de visitar o blog original, pois há dezenas de comentários interessantes: http://tijolaco.com.br/blog/?p=23670
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Nosso blog GenPeace foi criado numa época em que o Greenpeace ainda fazia protestos contra os transgênicos no Brasil, inclusive invadindo o hotel onde ficavam os membros da CTNBio e a própria Comissão. Subitamente, sumiram do mapa. A gente pode se perguntar porque, e uma resposta talvez seja: o Greenpeace não quer se desgastar em lutas perdidas e este é exatamente o caso dos transgênicos no Brasil. As bandeiras do Greenpeace têm que ser espalhafatosas e esta ideia imbecil de invadir o sítio arqueológico peruano (com o apoio de irresponsáveis peruanos) e tirar uma foto para a posteridade não parecia tão imbecil assim: era apenas mais um desrespeito às leis de um país, mas uma linda foto. Deu no que deu. Se quiserem, olhem as críticas dos simpatizantes e de outros, postadas no site do Greenpeace, onde a organização pede desculpas ao Mundo (http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Comunicado-do-Greenpeace-sobre-o-protesto-nas-Linhas-de-Nazca-no-Peru/). 

Vale a pena também ler este blog:http://scienceblogs.com/gregladen/2014/12/14/i-call-for-the-end-of-greenpeace/ Ele tem ótimos comentários, sensatos e bem colocados, e uma frase que me saltou aos olhos: "A man who loots a Native American site in an area he needed a permit to access may have his ability to get a permit to enter that area taken away for life. Greenpeace did something similar, but possibly much larger than what any one person in search of some pottery to sell could have done. So, what should happen to make this right?" De fato, se o Greenpeace violasse um campo sagrado dos índios americanos, o buraco seria muito mais embaixo, mas como a coisa foi feita na América Latina, abaixo do Equador, onde o pecado não existe, provavelmente não vai pegar nada.

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