sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Desmascarando a ligação entre aumento do uso de agrotóxicos e transgênicos: um Comunicado da EMPRAPA lança luz à questão.

A Embrapa Agropecuária Oeste divulga o Comunicado Técnico sobre Viabilidade Econômica da Cultura da Soja na Safra 2015/2016, em Mato Grosso do Sul, de autoria de Alceu Richetti. Os estudos econômicos foram realizados em relação a três variedades distintas de soja. O documento revela um aumento médio de 14%  no custo de produção neste ano e indica que a soja RR dá vantagens ao produtor, em geral nos ganhos finais. O relatório descreve uma situação específica (do Matogrosso do Sul), mas a adoção da soja transgênica no Brasil está beirando os 99% e isso não é à toa.

O que isso tem a ver com a manchete da notícia? Muito. O Comunicado tem os cálculos detalhados de cada insumo usado por hectare na soja no Mato Grosso, tanto para a variedade convencional quanto para a transgênica. O leitor curioso pode ler uma sinopse das tabelas 2 e 3 naquilo que interessa a nós agora, os agrotóxicos.

Tabela 1: Sinopse das Tabelas 2 e 3 do Comunicado da EMPBRAPA


Soja convencional
Soja
RR
Produto
Unid.
Quantidade
Herbicida dissecante 1
L
3,00
3,00
Herbicida dissecante 2
Kg
0,06
0,06
Herbicida dissecante 3
L
1,50
1,50
Herbicida pós-emergente 1
L
1,20
3,00
Herbicida pós-emergente 2
L
0,40
0,06
Inseticida 1
Kg
0,12
0,12
Inseticida 2
L
0,06
0,06
Inseticida 3
L
0,25
0,25
Inseticida 4
L
0,40
0,40
Fungicida 1
L
1,00
1,00
Fungicida 2
L
1,50
1,50

Que curioso! A soja convencional e a soja transgênica RR, tolerante a herbicida, empregam ambas vários herbicidas antes do plantio e depois da emergência. As diferenças, se tomarmos um quilo por um litro, são de apenas 15%. Não existe nada parecido com “banhos de agrotóxicos”, como gosta de repetir o Dr. Melgarejo, nem aumento de 200% de uso de pesticidas, como afirma o Alan Tygel e outros colegas na mesma linha. As diferenças em milho e algodão são ainda menores, sugerimos que procurem e leiam os estudos sobre a questão.


Então, voltamos ao ponto inicial desta discussão: o que fez o Brasil aumentar em tanto o consumo de agrotóxicos? A intensificação da agricultura (inclusive da pecuária), num modelo que uso muito defensivo agrícola, independente da planta ser transgênica ou não.

Uma cadeira tem 4 pernas, um cavalo tem 4 pernas, logo uma cadeira é um cavalo. Este é o raciocínio por trás da inferência de que os transgênicos são responsáveis pelo aumento dos agrotóxicos no Brasil.

A ligação entre transgênicos e agrotóxicos é apenas uma fantasia, com a intenção de trazer aos transgênicos um risco que não lhes pertence, uma vez que riscos reais e diretos dos transgênicos ninguém mesmo está vendo e os defensores desta ideia já estão em descrédito.

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