A Embrapa Agropecuária Oeste divulga o Comunicado Técnico sobre Viabilidade Econômica da Cultura da
Soja na Safra 2015/2016, em Mato Grosso do Sul, de autoria de Alceu
Richetti. Os estudos econômicos foram realizados em relação a três variedades
distintas de soja. O documento revela um aumento médio de 14% no custo de produção neste ano e indica que a
soja RR dá vantagens ao produtor, em geral nos ganhos finais. O relatório descreve
uma situação específica (do Matogrosso do Sul), mas a adoção da soja
transgênica no Brasil está beirando os 99% e isso não é à toa.
O que isso tem a ver com a manchete da notícia? Muito. O
Comunicado tem os cálculos detalhados de cada insumo usado por hectare na soja
no Mato Grosso, tanto para a variedade convencional quanto para a transgênica.
O leitor curioso pode ler uma sinopse das tabelas 2 e 3 naquilo que interessa a
nós agora, os agrotóxicos.
Tabela 1: Sinopse das Tabelas 2 e 3 do Comunicado da
EMPBRAPA
Soja
convencional
|
Soja
RR
|
||
Produto
|
Unid.
|
Quantidade
|
|
Herbicida dissecante 1
|
L
|
3,00
|
3,00
|
Herbicida dissecante 2
|
Kg
|
0,06
|
0,06
|
Herbicida dissecante 3
|
L
|
1,50
|
1,50
|
Herbicida pós-emergente 1
|
L
|
1,20
|
3,00
|
Herbicida pós-emergente 2
|
L
|
0,40
|
0,06
|
Inseticida 1
|
Kg
|
0,12
|
0,12
|
Inseticida 2
|
L
|
0,06
|
0,06
|
Inseticida 3
|
L
|
0,25
|
0,25
|
Inseticida 4
|
L
|
0,40
|
0,40
|
Fungicida 1
|
L
|
1,00
|
1,00
|
Fungicida 2
|
L
|
1,50
|
1,50
|
Que curioso! A soja convencional e a soja transgênica RR,
tolerante a herbicida, empregam ambas vários herbicidas antes do plantio e depois
da emergência. As diferenças, se tomarmos um quilo por um litro, são de apenas
15%. Não existe nada parecido com “banhos de agrotóxicos”, como gosta de
repetir o Dr. Melgarejo, nem aumento de 200% de uso de pesticidas, como afirma
o Alan Tygel e outros colegas na mesma linha. As diferenças em milho e algodão
são ainda menores, sugerimos que procurem e leiam os estudos sobre a questão.
Então, voltamos ao ponto inicial desta discussão: o que fez
o Brasil aumentar em tanto o consumo de agrotóxicos? A intensificação da
agricultura (inclusive da pecuária), num modelo que uso muito defensivo
agrícola, independente da planta ser transgênica ou não.
A ligação entre transgênicos e agrotóxicos é apenas uma fantasia, com a intenção de trazer aos transgênicos um risco que não lhes pertence, uma vez que riscos reais e diretos dos transgênicos ninguém mesmo está vendo e os defensores desta ideia já estão em descrédito.
Uma cadeira tem 4 pernas, um cavalo tem 4 pernas, logo uma
cadeira é um cavalo. Este é o raciocínio por trás da inferência de que os
transgênicos são responsáveis pelo aumento dos agrotóxicos no Brasil.
A ligação entre transgênicos e agrotóxicos é apenas uma fantasia, com a intenção de trazer aos transgênicos um risco que não lhes pertence, uma vez que riscos reais e diretos dos transgênicos ninguém mesmo está vendo e os defensores desta ideia já estão em descrédito.
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