A figura abaixo sintetiza a rota ao dano para o perigo hipotético de que o dsRNA do feijão transgênico Embrapa 5.1 se concretize em dano, com as possibilidades para cada passo na rota. A conclusão é de que É REMOTÍSSIMA a probabilidade de ocorrência de qualquer dano às células do corpo humano, muito menos ao tecido, ao órgão ou ao organismo.
Passos da rota ao dano para a
hipótese geral de que os dsRNA do feijão Embrapa 5.1 possam interferir
negativamente na saúde humana. No primeiro passo é preciso que se demonstre que
os dsRNA estão presentes no grão. As evidências são positivas, portanto a
resposta a esta hipótese é sim e a probabilidade é 100%. Já no segundo passo a
hipótese será contrariada, uma vez que não foi possível detectar o dsRNA em
grão cozido, mesmo com sensibilidade elevada do ensaio. Neste caso, todos os
demais passos não serão atingidos. Se, como exercício, atribuirmos uma pequena
probabilidade de que quantidades significativas de dsRNA possam estar presentes
no feijão cozido (P2 muito pequena), a probabilidade de um dsRNA estranho ao
organismo humano não ser degradado no intestino, ganhar a circulação, penetrar
numa célula e não ser degradado pelas RNases celulares é muito remota (P3
insignificante). Se, apesar da pequena probabilidade, o dsRNA específico do
feijão Embrapa 5.1 permanecesse na célula, sua similaridade reduzida com
qualquer gene humano reduziria a praticamente zero a possibilidade de
interferência com o metabolismo humano (P4~0). Assim, o último passo não seria
atingido (probabilidade final igual ao produto das probabilidades de
cada passo), não havendo sequer necessidade de provar isso com ensaios em
animais experimentais. Ainda assim, a Embrapa conduziu estes ensaios, não sendo
observada qualquer anormalidade nos animais alimentados com o feijão GM.
Meu caro Paulo:
ResponderExcluirEssa sua análise é pedagógica e percuciente. Deveria ser usada para instruir jornalistas.
Abraço
Walter Colli
Prezado Dr. Colli, obrigado pelas palavras de estímulo. Lamentavelmente nossos jornalistas científicos têm pouca percepção da importância da abordagem pedagógica e dão muito mais ênfase a detalhes e palavras de efeito do que ao conteúdo. Aqui, como na França, a coisa vai mal. Sugiro a leitura do último post do GenPeace, Les rats ratés du Nouvel Obs(http://genpeace.blogspot.com.br/2013/04/les-rats-rates-du-nouvel-obs.html).
ExcluirAtenciosamente,
Paulo Andrade