sexta-feira, 31 de maio de 2013

Trigo transgênico encontrado em plantação no Oregon, EUA

Dois dias atrás (29 de maio de 2012) a agência APHIS – Animal and Plant Health Inspection Service, que tem o papel de inspecionar os produtos agropecuários norte-americanos, divulgou o encontro de trigo geneticamente modificado numa fazenda do Oregon (http://www.aphis.usda.gov/newsroom/2013/05/ge_wheat_detection.shtml). A íntegra da notícia, traduzida, está abaixo. Convém lembrar que não há qualquer variedade GM de trigo aprovada para plantio comercial no mundo. A variedade (ou evento) encontrada é um trigo tolerante ao herbicida glifosato, desenvolvido pela Monsanto e experimentado em campos de vários estados norte-americanos entre 1998 e 2005. A empresa, entretanto, decidiu não solicitar a liberação comercial do evento. Mesmo assim, fez uma consulta ao FDA – Food and Drug Administration sobre a segurança alimentar do evento, recebendo um parecer favorável. Desta forma, a presença de traços deste trigo na alimentação humana ou animal não implica em riscos. Apesar disso, o Japão, grande importador de trigo dos EUA, suspendeu a importação de grãos com proveniência em vários estados norte-americanos.

Ainda é muito cedo para se especular como este trigo pode ter aparecido numa fazenda do Oregon, oito anos após o encerramento da última liberação planejada. Pode até ser um caso de fluxo gênico para parentes silvestres (Aegilops, por exemplo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3352535/pdf/eva0004-0685.pdf) e retorno ao trigo plantado este ano. Uma informação importante é se o gene está em homozigose e se outros marcadores do cromossomo transformado estão presentes neste trigo, e então se pode descartar a hipótese de passagem por um  parente silvestre.

Integra da notícia no portal da APHIS

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) INVESTIGA O APARECIMENTO DE TRIGO geneticamente modificado (GM) TOLERANTE ao glifosato NO OREGON

WASHINGTON, 29 de maio de 2013
O Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal (APHIS) do  Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou hoje que os resultados dos testes de amostras de plantas de uma fazenda de Oregon indicam a presença de trigo geneticamente modificados (GM) tolerante ao glifosato. Outros testes conduzidos nos laboratórios do USDA indicam a presença da mesma variedade de trigo GM tolerante ao glifosato para a qual a Monsanto foi autorizada a realizar teste de campo em 16 estados norte-americanos, entre 1998 e 2005. A APHIS iniciou uma investigação formal depois de ter sido notificado por um cientista da Universidade Estadual do Oregon  que, em seus testes preliminares com amostras de plantas de trigo de uma fazenda de Oregon, detectou a possível presença de plantas de trigo resistentes ao glifosato GE. Não existem variedades de trigo GM aprovadas para venda ou em produção comercial nos Estados Unidos ou em qualquer outro país, no momento.

A detecção desta variedade de trigo não representa uma preocupação quanto à segurança alimentar. A Food and Drug Administration (FDA) conduziu e concluiu a análise de uma consulta voluntária em 2004 sobre a segurança dos gêneros alimentícios e alimentos derivados desta variedade de trigo tolerante ao glifosato. Para a consulta, o desenvolvedor forneceu informações ao FDA para apoiar a segurança desta variedade de trigo. O FDA concluiu a consulta voluntária, sem quaisquer outras questões relativas à segurança de grãos e forragem derivado deste trigo, o que significa que esta variedade é tão segura quanto o trigo convencional (não-GM) atualmente no mercado.

"Estamos levando esta questao muito a sério e lançando uma investigação formal", disse Michael Firko, administrador adjunto interino no Serviço Regulatório em Biotecnologia da APHIS. "Nossa primeira prioridade é determinar o mais rápido possível as circunstâncias e a extensão da situação e como isso aconteceu. Estamos colaborando com o Estado, a indústria e parceiros comerciais nesta questão e estamos empenhados em fornecer informações adequadas e rápidas sobre os resultados destas investigações. O USDA vai disponibilizar todos os recursos necessários para esta investigação".

A Lei de Proteção das Plantas (PPA) prevê pesadas sanções por infrações graves. Se a APHIS determinar que esta situação foi o resultado de uma violação da PPA, a APHIS tem autoridade para buscar penalidades por tal violação, incluindo penalidades civis de até US $ 1.000.000,00 e pode remeter a questão a processo criminal, se for o caso.

A APHIS, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e o FDA (pertencente ao Departamento de Saúde Humana e Serviços em Saúde dos EUA) têm juntos a atribuição de regular a utilização segura dos organismos derivados da biotecnologia moderna (OGM). A APHIS regula a introdução (ou seja, a importação, o movimento interestadual e a liberação no ambiente/ensaios de liberação) dos OGM que apresentam um risco para a saúde das plantas. O EPA regula os pesticidas, incluindo plantas com plantas com substâncias protetoras incorporadas - PIPs (pesticidas destinados a serem produzidos por uma planta viva e que lhe conferem uma nova utilidade), para garantir a segurança pública. O EPA também estabelece limites para resíduos de pesticidas em alimentos e ração animal. A FDA tem a responsabilidade primária de garantir a segurança dos alimentos humanos e da ração animal, bem como a segurança de todos os alimentos e rações derivadas de plantas.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Transgênicos e financiamento de pesquisa: os “testas de ferro” e os “independentes”

Na polêmica dos transgênicos os cientistas e pesquisadores que publicam sobre o assunto estão divididos, de acordo com as ativistas anti-OGMs, em:
a)    Cientistas “independentes”
b)    Testas de ferro das transnacionais das sementes GM

Em que se baseia esta divisão? Supostamente, na forma de financiamento das atividades destes profissionais. "Independentes" seriam aqueles que não têm qualquer apoio do setor privado ligado direta ou indiretamente às empresas que produzem plantas transgênicas. "Testas de ferro" seriam todos os outros que, de forma direta ou indireta, tem vínculos com as multinacionais do agronegócio GM.

A divisão parece justa, embora a “independência” ou sua falta em nada afetem a qualidade (ou falta desta mesma qualidade) esperada nos artigos: o que importa é a aplicação do método científico e não quem financiou a pesquisa. O problema central desta divisão é a dificuldade em apontar com clareza as fontes que movem um grupo de pesquisa, hoje, ontem e as perspectivas para o futuro. Por isso, tanto os “independentes” podem não ser tão independentes assim, quanto os testas de ferro podem, na verdade, ser donos do seu nariz. Vamos às ponderações mais óbvias.

O que são os “independentes”? Em princípio, todos aqueles que mostraram supostos perigos das plantas GM, tanto para ao ambiente como para a saúde humana. Mas, afinal, quem financiou a maioria destes estudos? Quem financiou os estudos de Arpad Pusztai, Ignacio Chapella, David Quist, Manuela Malatesta, Aziz Aris, Samuel Leblanc, Jack Heinemann, etc., etc., e, paradigmaticamente, Gilles-Eric Séralini? Vamos começar com a pergunta básica: Onde trabalharam (e, em muitos casos, ainda trabalham) estes ferrenhos opositores da segurança dos OGMs? Basta olhar suas vinculações profissionais: o Prof. Séralini milita na Universidade de Caën, na França, o Dr. Heinemann na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, e assim todos os outros, que são ou foram pesquisadores em universidades públicas ao tempo em que publicaram seus artigos mais polêmicos. Nada mais natural do que tenham sido financiados por longo tempo pelas fontes públicas de financiamento, exatamente as mesmas que pagam os estudos dos demais pesquisadores que não vêm problemas de segurança nos transgênicos e que são, portanto, “testas de ferro”. Que lógica então há em dizer que uns são independentes e outros não?

Surge então um novo elemento: nem só de verbas de governo vive um grupo de pesquisa e, de fato, pode haver a entrada de recursos da iniciativa privada, de forma direta ou indireta (via institutos e organizações apoiadas pela indústria) nos cofres do grupo de pesquisa. Até onde se pode rastrear o dedo das multinacionais numa verba qualquer que chega ao laboratório? Tomemos como exemplo a FINEP, um órgão de governo, mas que nem ligações com a indústria, inclusive financeiras. Será que uma pesquisa apoiada pela FINEP tem o dedo de uma multinacional do agronegócio? Outro exemplo: O CNPq, financiado pelos impostos e por tudo o mais que traz dinheiro para os cofres públicos. Ora, o agronegócio é um importante pagador de impostos, logo o pesquisador que usa recursos do CNPq é suspeito de ser testa de ferro das multinacionais? O raciocínio parece tortuoso e injusto, mas coisas assim são a regra entre os que qualificam todo e qualquer pesquisador que não segue a linha dos Séralinis da oposição como testas de ferro do agronegócio GM. Por outro lado, Séralini e seus colegas receberam gordo financiamento das grandes empresas que vendem produtos não-GM e agora mantém um curioso vínculo com uma empresa que vende produtos milagrosos que, naturalmente, protegerão seus consumidores dos perigos dos alimentostransgênicos...

Mas, afinal, para sermos sensatos, devemos investigar e categorizar de onde provêm os recursos que movem as pesquisas em transgenia. Em que quadrante da “bussola” da pesquisa o grupo se encaixará vai depender muito do que se quer com a pesquisa. Observemos a figura abaixo, baseada em uma figura análoga encontrada em “Possible Interactions Between Basic Science and Applied Technology and Between the Market and Government” (http://www.dallasfed.org/assets/documents/research/pubs/science/lawlor.pdf), e por sua vez inspirada no artigo de Ruttan (2001).

Um pesquisador pode facilmente posicionar seu grupo em um ou mais dos quadrantes desta figura. Se ele é um pesquisador movido pela ciência básica, buscando a razão de ser dos fatos da natureza, provavelmente tende a se encaixar no quadrante de Bush (não o ex-presidente americano, mas um ex-diretor do MIT). O quadrante de Pasteur é onde se situam os pesquisadores que caminham na direção da inovação, pois estão fazendo as descobertas que vão pavimenta-la. Aqui também devem se encaixar os pesquisadores que investigam, do ponto de vista dos mecanismos básicos, o impacto dos elementos constituintes de uma tecnologia no ambiente e na saúde, como é o caso da pesquisa das proteínas Bt transgênicas na saúde humana e nas populações de insetos não alvo. O terceiro quadrante (de Edison) envolve os pesquisadores que militam na pesquisa aplicada, mas são pagos pelo Governo: são aqueles que estão mais próximos da inovação.
Por fim, os pesquisadores que atuam no desenvolvimento, avaliação e aprimoramento de produtos estão no quadrante da NASA, que já tem um claro viés tecnológico. Como é óbvio, cada um destes quadrantes tem um financiador principal, em geral o Governo e seus braços vários e, em muito menor escala (exceto nos EUA), a indústria.



Figura 1: Quadrantes das atividades de pesquisa, de acordo com o interesse do pesquisador em relação à ciência básica e à inovação.

Onde estão os testas de ferro, que não vêm os perigos dos OGM? Em geral no quadrante de Bush e em alguns casos no quadrante de Pasteur. Por que? Porque suas pesquisas são, de fato, básicas, e empregam os recursos mais avançados, mas também melhor estabelecidos, na ciência. O que fazem eles? Avaliações toxicológicas, investigações de mecanismos de ação, e um sem número de outras pesquisas básicas, que conduzem em última instância a dados que consubstanciam a avaliação de risco.

Onde estão os “independentes”? Exatamente nos mesmos quadrantes!

Enfim, o que os faz diferentes? A ideologia e o rigor científico. Cabe ao leitor, avaliando os artigos científicos sobre os seus assuntos prediletos (e não a Stultitia ou Moria internetês) e concluir.


Referência
Ruttan, V. W. (2001), Technology, Growth and Development: An Induced Innovation Perspective(New York and Oxford: Oxford University Press), 696 pp. (link: http://www.amazon.com/Technology-Growth-Development-Innovation-Perspective/dp/0195118715)






                                                                                                                                                

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Food Standards Australia New Zealand rebuttal to the recent paper by Heinemann et al. on siRNA safety assessment


Food Standards Australia New Zealand rebuttal to the recent paper by Heinemann et al. on siRNA safety assessment

Dear all.

The 24th of May  FSANZ responded to the recent article by Heinemann et al. that challenged the safety of RNA-based GM crops. Here is the link to the FSANZ response.  http://www.foodstandards.gov.au/consumer/gmfood/Pages/Response-to-Heinemann-et-al-on-the-regulation-of-GM-crops-and-foods-developed-using-gene-silencing.aspx. The Full response is available at: http://www.foodstandards.gov.au/consumer/gmfood/Documents/Heinemann%20Response%20210513.pdf

Here is a link to the article by Heinemann et al. published in the May 2013 issue of Environment International, "A comparative evaluation of the regulation of GM crops or products containing dsRNA and suggested improvements to risk assessments".

And here is the link to a detailed analysis of the EMBRAPA GM bean biosafety, with  figures and text in Portuguese (http://genpeace.blogspot.com.br/2013/05/a-interferencia-de-rna-e-um-processo.html), as well as a link to another rebuttal written by the CTNBio president, Prof. Flavio Finardi, also in Portuguese (http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2013/04/dsRNA%20-Flavio%20Finardi.pdf)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Biossegurança de transgênicos, polêmicas, avaliação e análise de risco: As postagens mais acessadas do portal GenPeace

Caros leitores.

Chegamos a 120 postagens, mais de 95% escritas pelo coordenador do blog, Prof. Paulo Andrade (muitas vezes com a ajuda de um ou mais "anjos", mais instruídos em biotecnologia). Repassamos a vocês uma lista de alguns dos posts mais acessados.

Boa leitura


Segurança do feijão GM da Embrapa: sobre a improvável existência de siRNA off target

Cultivos geneticamente modificados no Mundo: situação atual

Feliciano, a “cura gay” e os transgênicos
O recrutamento do público para causas mal fundamentadas

Fritjof Capra, Gelbart, Weatherall e a engenharia genética

Pluralidade de opinião, discurso científico e pseudociência: uma análise aprofundada do estudo de Séralini e cols. reivindicando um vínculo causal entre o milho Roundup Ready ou o herbicida Roundup e o câncer em ratos.

On Omics for GMO risk assessment

Repeating Séralini´s experiment

Reply to GMWatch´s 10 reasons why we don´t need GM foods

Réplica a ponderações sobre independência de pesquisa e biossegurança do feijão transgênico da Embrapa

Rota ao dano pelo RNA de interferência no feijão transgênico da Embrapa

On the 'forgotten" gene that could be harmful in transgenic plants: regulators did not miss it

Transgênicos: prós e contras - Perguntas em exposição num quadro sinóptico

Quem libera os transgênicos: CTNBio avalia, mas decisão pode ser questionada pelo Conselho Nacional de Biossegurança e liberação depende do MAPA e da ANVISA
Brazil officially rejects Séralini´s results – no risk assessment revision is being suggested for NK603 maize

Mania de achar que há segredo e desinformação em tudo que envolve os OGMs: EFSA abre os dados ao Séralini (mas não vice versa...)

Desabonar as opiniões das academias e agências de avaliação de risco é estratégia adotada na luta contra os transgênicos

Transgênicos, Princípio da precaução, segurança alimentar e proteção de sementes

The largest “experiment” with human beings and livestock, ever! Contrary to the alarmists´ opinions, GM food seems to be very safe

Artigo que “mostra” o surgimento de tumores em ratos provocado pelo consumo de milho geneticamente modificado carece de qualquer base científica

Guía para Evaluación de Riesgo Ambiental de Organismos Genéticamente Modificados – una iniciativa de América Latina

COMMENTS ON THE AHTEG´S GUIDANCE ON RISK ASSESSMENT OF LIVING MODIFIED ORGANISMS (CBD/BCH, transgenic plants, LMO, GMO)

Maioria e reducionismo na CTNBio

Cómo hacer la evaluación de riesgo ambiental de los transgénicos: Siete peligros presentidos, siete preguntas clave y los siete errores capitales

What is a LMO/GMO “not likely to have adverse effects on the conservation and sustainable use of biological diversity, taking also into account risks to human health”?

Identifying Living Modified Organisms (LMOs) that are not likely to have adverse effects on the conservation and sustainable use of biological diversity

Os três componentes da análise de risco de transgênicos

Vozes isoladas na ciência: quebra de paradigma ou desvio metodológico? O caso dos transgênicos

O que cabe à CTNBio?
Reflexões sobre avaliação de risco, análise de risco, método científico e visões divergentes sobre biossegurança

Agrotóxicos e transgênicos no Brasil: muito barulho por nada

Brazil´s new post release monitoring system for GMOs

Novo sistema de monitoramento de organismos geneticamente modificados aprovado na CTNBio

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Segurança do feijão GM da Embrapa: sobre a improvável existência de siRNA off target

A interferência de RNA é um processo bem conhecido, apesar de ser uma descoberta recente. O número total de artigos científicos sobre este assunto ultrapassa a dezena de milhar e a Figura 1 abaixo mostra a evolução do número de publicações acessíveis pelo portal do NCBI (www.ncbi.nlm.nih.gov) nos últimos 14 anos, demonstrando um grande interesse neste assunto por parte da comunidade científica.


Figura 1: Evolução do número de publicações científicas indexadas e acessíveis no portal do NCBI, de 2000 a 2013. Observa-se uma clara tendência a aumento sustentado, indicando o interesse que este assunto desperta na comunidade científica. A busca foi feita com a palavra chave siRNA. A adição de outras palavras chave relacionadas ao assunto (dsRNA, RNA dependent RNA polymerase, etc) eleva o número total de publicações para mais de 50 mil.

Em algumas postagens deste portal e em outros documentos técnicos explicamos como os pequenos RNA são gerados e como interferem na expressão de um gene (http://genpeace.blogspot.com.br/2011/09/entre-seriedade-e-o-disparate.html; http://www.ufpe.br/biolmol/iRNA.htm) e de que forma a avaliação de risco de produtos baseados nesta tecnologia é feita nestes casos (http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2013/04/dsRNA%20-Flavio%20Finardi.pdf; http://genpeace.blogspot.com.br/2013/04/rota-ao-dano-pelo-rna-de-interferencia.html).
Entretanto, tem-se lido frequentemente em portais que se posicionam contra a biotecnologia agrícola a afirmação de que pequenos RNA de interferência inesperados (“unexpected” ou “unanticipated”) podem ser criados em plantas transgênicas, dirigidos contra alvos não intencionais. Nestas postagens isso é passado como um risco sério, que não foi avaliado pelas agências de governo do Mundo responsáveis pela segurança dos OGM. Não nos parece, contudo, que a probabilidade seja alta ou que acarrete algum problema ambiental ou de saúde, particularmente no caso do feijão Embrapa 5.1, e assim vamos contestar a hipótese; entretanto, nunca se pode saber exatamente do que os opositores intransigentes da biotecnologia estão falando, porque raramente são claros em suas explicações, sempre baseadas em hipóteses muito imaginativas. Acreditamos que estejam falando do “PCR degradativo” (Liparti etal., 2001), em que um siRNA pode atuar como primer para a síntese da segunda fita do RNA por uma RNA polimerase dependente de RNA, encontrada em plantas.
Antes de adentrar neste assunto, gostaríamos de relembrar a construção genética do feijão GM da Embrapa, detalhadamente descrita nas várias publicações do grupo de pesquisa responsável pelo seu desenvolvimento (Aragão et al. 2013 e referências incluídas nele). A ideia que dirigiu os estudos foi a inibição da produção da enzima Rep (replicase) pelo mecanismo de interferência de RNA. Para tal o feijoeiro foi transformado com uma construção contendo um segmento de DNA no qual duas cópias invertidas de 411 pb aparecem separadas por um trecho não repetido de 750 pb. A transcrição deste trecho, a partir de um promotor forte, produz grampos de RNA fita dupla no núcleo, que são transportados para o citoplasma via exportina e clivados em dsRNA pela enzima Dicer. Estes fragmentos irão direcionar o complexo enzimático Argonauta para o mRNA específico que codifica a replicase (Figura 2).


Figura 2: (A) Grampo de RNA produzido no núcleo das células do feijoeiro a partir da transcrição do cassete de expressão introduzido na variedade transgênica Embrapa 5.1. Uma vez produzido, o grampo é exportado por um transportador específico para o citoplasma, onde será clivado pelas enzimas Dicer. (B) A “cabeça” ou “loop” é separada do pescoço, que é subsequentemente clivado em pequenos pedaços de RNA de fita dupla, que depois são convertidos em pequenos RNA de fita simples. Os trechos de RNA mais longos são degradados e uma fita dos pequenos RNA é carregada em um complexo proteico contendo a enzima Argonauta, que cliva os mRNA que têm complementaridade (neste caso, os genes para AC1). Sem o produto destes mensageiros o vírus não pode se multiplicar e a planta se torna resistente ao vírus.

Entretanto, o processo de degradação do mRNA não está restrito a uma única quebra pela enzima Argonauta: graças à ação de uma RNA polimerase dependente de RNA e do pareamento de pequenos RNA fita simples derivados dos dsRNA gerados pela Dicer, o restante do mRNA acima do ponto de corte pode ser transformado em fita dupla, gerando consequentemente um novo alvo para a Dicer, que o corta em pequenos fragmentos. Estes pequenos fragmentos são o resultado final da degradação do mRNA, mas também podem ser carregados no Argonauta para um outro round de clivagens simples de mRNA.
O processo todo está representado na Figura 3 a seguir. Ela mostra o mecanismo real pelo qual um siRNA gera a degradação de toda a região a montante de seu alvo no mRNA específico. Inicialmente é preciso saber que o mRNA transcrito a partir do genoma viral é policistrônico, ou subgenômico, como algumas vezes é chamado, contendo os transcritos dos genes AC1, AC2 e AC3, que codificam para as proteínas Rep, TrAP e REn (http://viralzone.expasy.org/all_by_species/111.html) (Figura 3A). Já sabemos também que a construção inserida no genoma do feijão tem um par de trechos idênticos de 411 pares de base do gene AC1, dispostos em sentidos opostos e separados entre si por um trecho não repetido de pouco mais de 700 pb, tomado de um íntron de planta (Figura 3B). Por isso, o alvo primário do complexo Argonauta será a região que tem o transcrito do gene AC1, que fica mais à montante do mRNA. Os demais genes estão abaixo dele, no mRNA. Como já comentamos, o processo começa quando o dsRNA gerado no núcleo, através da transcrição da construção inserida no organismo, é transportado para o citoplasma e quebrado em pequenos RNA fita dupla pela enzima Dicer (Figura 3C). Uma fita simples de cada pequeno RNA, carregada no complexo enzimático Argonauta, serve de “sonda” para encontrar o mRNA específico para o qual a construção foi dirigida. Neste caso, os mRNAs policitrônicos serão cortados em algum ponto dentro da sequência equivalente a AC1, representada em verde bandeira na figura 1A.


Figura 3: Esquema representativo dos genes AC1, AC2 e AC3 de BGMV, seu transcrito, e os vários passos que levam à degradação completa do mRNA acima do alvo definido pela construção genética.

O segundo passo na degradação do mRNA (ao menos da região acima, isto é, 5´ do corte dado pelo Argonauta) vai depender do pareamento de uma pequena fita simples, gerada a partir dos dsRNA, com o mRNA policistrônico. Numa primeira etapa, esta fita simples só pode parear nas regiões de complementaridade com a construção (indicadas em verde bandeira na Figura 3D), isto é, a montante do mRNA. A partir deste primer uma RNA polimerase RNA dependente pode estender a fita simples até a extremidade 5´ do mRNA, formando um trecho fita dupla. Este, por sua vez, servirá de substrato para Dicer e gerará finalmente novos siRNA diferentes daqueles que são gerados pelo processamento direto do dsRNA transgênico. Obviamente isso não tem nada de “unintended” e fica restrito às sequencia do RNA alvo. E mais ainda: fica restrito à região a montante (5´) do alvo, portanto , dentro do gene AC1 e sua região 5´ não traduzida. Não há qualquer possibilidade de geração de siRNA com similaridade a outros genes se apenas este mRNA estiver disponível.
Para que os demais genes possam gerar siRNA é necessários que estejam acima (isto é, 5´) do gene AC1. Isso só poderia acontecer caso um longo transcrito fosse produzido, no sentido inverso,a partir do promotor do gene para CP (veja figura 4, a seguir). Não é isso que deve acontecer na transcrição deste DNA, pois os genes abaixo do CP estão em sentido invertido e não poderiam ser expressos, fazendo de tal transcrito um “peso metabólico” desnecessário e perigoso para a sobrevivência do vírus. Um transcrito tão longo nunca foi descrito na literatura especializada, nem para o BGMV nem para vírus semelhantes.


Figura 4: Genoma duplo do vírus do mosaico dourado do feijoeiro (BGMV) (Fonte: Swiss Institute of Bioinformatics). O DNA-A dá origem a dois transcritos: no sentido anti-horário o mRNA policistrônico tem o transcrito dos genes AC1, AC2 e AC3 (codificando para as proteínas Rep, TrAP, e REn) e no sentido antihorário o mRNA tem o gene para CP.
Em resumo, a construção inserida no feijão Embrapa 5.1 não parece permitir a geração de siRNA dirigidos a outro gene que não o AC1 e sua região 5´ no genoma do vírus. Todo o resto é especulação. Ainda assim, a equipe da Embrapa procurou e não encontrou evidências de outros siRNA, como mencionado nas publicações.
Podemos concluir que é fantasiosa a ideia de que siRNA inesperados sejam produzidos neste feijão  e, mais ainda, que tenham qualquer importância no aumento de um pretenso risco à saúde humana ou animal, uma vez que a rota ao dano para este caso é de uma probabilidade de ocorrência insignificante e que os possíveis danos são ainda imponderáveis (veja-se a postagem http://genpeace.blogspot.com.br/2013/04/rota-ao-dano-pelo-rna-de-interferencia.html mencionada anteriormente).

Referências
Aragão FJ, Nogueira EO, Tinoco ML, Faria JC. (2013) - Molecular characterization of the first commercial transgenic common bean immune to the Bean golden mosaic virus. J Biotechnol. doi: 10.1016/j.jbiotec.2013.04.009. [Epub ahead of print]
Lipardi C, Wei Q, Paterson BM (2001)- RNAi as random degradative PCR: siRNA primers convert mRNA into dsRNAs that are degraded to generate new siRNAs. Cell 107(3):297-307.

domingo, 5 de maio de 2013

Cultivos geneticamente modificados no Mundo: situação atual


Foi recentemente publicada na conceituada revista Nature (01 de maio de 2013) um artigo que sintetiza a atual situação mundial dos cultivos GM (http://www.nature.com/news/gm-crops-a-story-in-numbers-1.12893?WT.ec_id=NATURE-20130502). É uma representação por imagens da adoção, distribuição e valor dos vários cultivos GM. Disponibilizamos a seguir a informação traduzida para o português. Boa leitura.








sábado, 4 de maio de 2013

Feliciano, a “cura gay” e os transgênicos

O recrutamento do público para causas mal fundamentadas costuma mesmo dar certo, por mais paradoxal que pareça. Há duas razões fundamentais deste sucesso, ambas ligadas àquilo que as pessoas acreditam e ao seu comportamento:


A primeira razão é a tendência que temos em aceitar as informações após uma pequena avaliação (ou sem nenhuma avaliação), se vier de uma fonte que confiamos (porque se alinha com nosso ideário).  Isso reflete o custo de adquirir informações e o benefício que podemos desfrutar destas informações. Como todo custo/benefício nesta Terra de Deus.

segunda razão é que a ideologia que abraçamos, conscientemente ou não, permeia tudo e está, evidentemente, acima da ciência e das fontes exatas de informação, exceto para aqueles que dependem da aplicação do método científico, para os quais a ideologia fica logo em segundo lugar (sem desaparecer, é claro!).

Vamos aos casos Feliciano e Transgênicos. Veremos que o caso da oposição fanática aos transgênicos  idêntico tanto ao da oposição quanto ao apoio a tudo o que venha de felicianos et caterva, inclusive a tal "cura gay". Por que?

Primeiro, a qualidade e suficiência da informação para tomada de posição: quem leu o projeto de lei, que nem é do Feliciano? Quem leu a posição do Conselho Federal de Psicologia? Quem, de fato, acompanha de perto esta difícil e complexa discussão por tempo suficiente para se posicionar de forma sensata? Pouquíssimos. Pelas respostas que se lê na internet às várias postagens nos inúmeros portais que veiculam esta discussão (verdadeiros papagaios, sem nenhuma avaliação crítica), o público e a mídia se posicionam sem conhecimento do assunto, motivados pela ideologia e por suas convicções (próprias ou diretamente adquiridas dos seus pares). Mas as posições são definitivas, não dão espaço algum para dúvidas, o que seria, em princípio, incompatível com a vastidão da ignorância sobre o assunto.

No caso dos transgênicos a coisa é essencialmente igual: quem leu os artigos científicos que embasam as avaliações de risco, tanto os que não veem problemas (maioria) quanto os que acham problemas (minoria)? Quem leu as avaliações de risco das várias agências? Quem leu as réplicas e tréplicas das academias d ciência e dos cientistas? Pouquíssimos.  Exatamente como no caso do Feliciano, o público se posiciona sem conhecimento do assunto ou, no máximo, com um conhecimento muito superficial. E da mesma forma que no caso da polêmica feliciana, as posições são sempre definitivas, de forma totalmente incompatível com a vastidão da ignorância pública sobre biologia molecular, genética, dinâmica de populações, toxicologia, estatística, etc.

Segundo, a ideologia. O que têm de semelhante os dois casos?
Existirão sempre (e costumam ser até maioria) os que se alinham com a ideologia dos seus líderes, sem questionamentos (comportamento que pode ter vários nomes, inclusive fé): no caso da intransigência a qualquer comportamento diferente da média, o líder pode ser um Feliciano ou qualquer um de uma legião de representantes de diferentes religiões, filosofias de vida, políticas de inclusão ou exclusão, etc; no caso da oposição fanática aos transgênicos, o Jeffrey Smith, o Séralini e vários outros.  Nos dois casos, os que se alinham com seus líderes partem do princípio de que eles não podem estar errados: seus seguidores não são críticos, repetem sem entender o que lhes é ditado e enchem com seu fragor a internet e os meios de comunicação. Quando nós (cientistas e/ou estudiosos do comportamento social) lhes apontamos as falhas conceituais, dizem que:
a) no caso do Feliciano, temos parte com o Capeta (o original, vermelho e de rabo e cascos de bode), somos homoafetivos, estamos ganhando algo com nossa posição, etc.;
b) no caso dos transgênicos, se formos favoráveis, temos parte com o Novo Capeta (a Monsanto e todas as demais multinacionais, mas também com a Embrapa, com a CTNBio e com todas as universidades) e fomos comprados por dez réis de mel coado.

Nada se pode fazer contra isso: a conversão de um grande público à razão exige visões messiânicas, ver Simão no deserto, falar com língua de fogo e coisas assim, que só podem ser alcançadas por um líder carismático, híbrido de Arquimedes, Hegel, Goebbels, Hitler, Lennon e MacLuhan. Nós, cientistas, não entendemos nada disso nem faremos coisa alguma para converter as massas: vamos é beber muito uísque, que nossas burras já estão cheias de notas e pedras preciosas graças ao capitalismo internacional, nosso amo. Afinal, os cientistas também têm sua ideologia, não é?


PS. O assunto evocado pelo Deputado Feliciano é de difícil trato. De toda forma, em face ao fato de que a maioria das notícias não traz links para os textos que PRECISAM SER CUIDADOSAMENTE ESTUDADOS PELO PÚBLICO ANTES DE QUALQUER POSICIONAMENTO, adiciono os links abaixo e sugiro aos interessados que comecem pela leitura da resolução do Conselho Federal de Psicologia, depois leiam o Projeto de Decreto Legislativo 234 e que sigam no Parecer do CFP. Mas não parem aí, naturalmente...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Fritjof Capra, Gelbart, Weatherall e a engenharia genética


Livros trazem conceitos amadurecidos numa longa discussão. É o caso de Conexões Ocultas, de Fritjof Capra. De lá de dentro pode-se pinçar aqui e ali um trecho, do autor ou de suas citações, para alimentar discussões. Isso é perigoso porque pode refletir erradamente o conceito que o autor queria passar ou ainda o “citado”, que por tabela acaba “falando” taquigraficamente. Mesmo assim vou comentar dois trechos que aparecem no livro citado.

"Ao contrário dos cromossomos, os genes não são objetos físicos, mas simples conceitos que adquiriram, no decorrer das últimas décadas, uma enorme bagagem histórica... É possível que tenhamos chegado a um ponto em que o uso do termo "gene" tem muito pouco valor, podendo inclusive ser um obstáculo à nossa compreensão do genoma." (William Gelbart)

Como quase tudo na vida, isso é uma meia verdade. Inicialmente ninguém tinha ideia do que era um gene. É quase um milagre ver o quanto a genética andou sem que se soubesse minimamente onde estavam os genes e como eram compostos. Só a partir de Avery e cols (1944), e sobretudo, depois de Watson e Crick (1953) é que ficou claro onde estavam os genes: no DNA, que formava o tal cromossomo, há muito conhecido de todos. Mas a coisa avançou muito: descobriu-se o código genético, mostrou-se que um gene bacteriano era uma sequência ininterrupta de bases começando de um ATG e terminando num dos 3 codons de parada, depois mostrou-se que havia introns em genes eucariotos, como eles eram retirados, surgiu o conceito de splicing alternativo, etc. Hoje, o conceito de gene é mais complexo que o antigo, mas está muito bem consolidado. O que pode acontecer é que cada definição tem alguma pequena falha, mas isso não invalida:
a)     Sua localização e composição
b)    Sua função básica
O principal erro acima é dizer que o gene não é um objeto físico. Coisas muito mais sutis, como a luz, os mésons, bósons, etc, são objetos físicos...isso é uma bobagem filosófica prá inglês ver.

"A realidade da Engenharia Genética é muito mais confusa. Em seu estágio atual, os geneticistas não tem controle algum sobre o que acontece com o organismo. São capazes de inserir um gene no núcleo de uma célula com a ajuda de um vetor de transferência específico, mas não sabem se a célula vai incorporar o novo gene em seu DNA, nem onde esse novo gene estará localizado se for incorporado, nem quais os efeitos que terá sobre o organismo. Assim, a Engenharia Genética funciona na base da tentativa e erro e prima pelo disperdício. A média do sucesso dos experimentos genéticos é cerca de um por cento, pois o contexto vivo do organismo hospedeiro, que determina o resultado do experimento, continua praticamente inacessível à mentalidade "técnica" que está por trás da atual biotecnologia"  (D.J. Weatherall)
Pra começar, aqui há o uso perigoso da “parte pelo todo”. Primeiro, quando se faz engenharia genética de bactérias e leveduras, sabe-se precisamente onde o gene vai entrar. Isso não ocorre, por enquanto, com eucariotos superiores (plantas, camundongos, etc.), mas o cenário está mudando rapidamente. De toda forma, isso NÃO DÁ O DIREITO A NINGUÉM de dizer que “os geneticistas não têm controle algum sobre o que acontece com o organismo”. Isso é uma cantilena da internet e é espantoso que o velho Capra repita isso como um papagaio que comeu as “sementes do mal” (mesmo quando cita .Weatherall, sem o criticar). Triste. O que ocorre agora é que a inserção feita com o uso de Agrobacterium ou por gene gun bota a construção em algum lugar, e algumas vezes mais de uma cópia e as cópias podem ser diferentes. Parece o caos, mas não é: são produzidos sempre milhares de transformantes (chamados eventos) e, depois de anos de avaliação por um monte de critérios diferentes os eventos que mostram o que se deseja e nada do que não se deseja são então avaliados do ponto de vista molecular. O que se descobre? Em geral que uma cópia única da construção genética foi inserida, que está numa região sem genes ou num gene muito repetido no genoma e que a construção pode ou não ter sua sequência alterada no processo de transformação. Uma vez feito isso, NENHUMA INCÓGNITA PERMANECE: não há genes escondidos, cópias perdidas, alterações inesperadas e coisas assim. Mais uma vez: para cada 10.000 eventos um, apenas um, chega ao mercado. A média não é 1%, como diz o Capra (citando Weatherall), mas apenas 0,01% (veja comentário sobre desperdício abaixo). É um funil muitas vezes pior que o pior dos vestibulares. Se fizéssemos assim nas universidades do Brasil, só teríamos alunos candidatos a Nobel...
Quanto ao fato de que a engenharia genética prima pelo desperdício, o filósofo Capra esquece que a evolução toda trabalha assim (e a engenharia genética é uma evolução acelerada em tubo de ensaio): milhões de mutantes surgem apenas para serem eliminados, restando pouquíssimos felizardos, sem nenhum vetor que direcione esta mudança. Que economia existe nisso?

Além disso, estamos no início da engenharia genética e já começamos a fazer inserções sitio-específicas em células de plantas e mamíferos. Onde vai parar a argumentação do filósofo? O Capra anda contaminado pelos ativistas anti-OGM, coitado.