Dois dias atrás (29 de maio de 2012) a agência APHIS –
Animal and Plant Health Inspection Service, que tem o papel de inspecionar os
produtos agropecuários norte-americanos, divulgou o encontro de trigo
geneticamente modificado numa fazenda do Oregon (http://www.aphis.usda.gov/newsroom/2013/05/ge_wheat_detection.shtml).
A íntegra da notícia, traduzida, está abaixo. Convém lembrar que não há
qualquer variedade GM de trigo aprovada para plantio comercial no mundo. A
variedade (ou evento) encontrada é um trigo tolerante ao herbicida glifosato,
desenvolvido pela Monsanto e experimentado em campos de vários estados
norte-americanos entre 1998 e 2005. A empresa, entretanto, decidiu não
solicitar a liberação comercial do evento. Mesmo assim, fez uma consulta ao FDA
– Food and Drug Administration sobre a segurança alimentar do evento, recebendo
um parecer favorável. Desta forma, a presença de traços deste trigo na
alimentação humana ou animal não implica em riscos. Apesar disso, o Japão,
grande importador de trigo dos EUA, suspendeu a importação de grãos com
proveniência em vários estados norte-americanos.
Ainda é muito cedo para se especular como este trigo pode
ter aparecido numa fazenda do Oregon, oito anos após o encerramento da última
liberação planejada. Pode até ser um caso de fluxo gênico para parentes silvestres (Aegilops, por exemplo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3352535/pdf/eva0004-0685.pdf) e retorno ao trigo plantado este ano. Uma informação importante é se o gene está em homozigose e se outros marcadores do cromossomo transformado estão presentes neste trigo, e então se pode descartar a hipótese de passagem por um parente silvestre.
Integra da notícia no
portal da APHIS
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
INVESTIGA O APARECIMENTO DE TRIGO geneticamente modificado (GM) TOLERANTE ao
glifosato NO OREGON
WASHINGTON, 29 de maio de 2013
O Serviço de Inspeção de Saúde Animal
e Vegetal (APHIS) do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou hoje que os resultados dos
testes de amostras de plantas de uma fazenda de Oregon indicam a presença de trigo
geneticamente modificados (GM) tolerante ao glifosato. Outros testes conduzidos
nos laboratórios do USDA indicam a presença da mesma variedade de trigo GM tolerante
ao glifosato para a qual a Monsanto foi autorizada a realizar teste de campo em
16 estados norte-americanos, entre 1998 e 2005. A APHIS iniciou uma
investigação formal depois de ter sido notificado por um cientista da
Universidade Estadual do Oregon que, em
seus testes preliminares com amostras de plantas de trigo de uma fazenda de
Oregon, detectou a possível presença de plantas de trigo resistentes ao
glifosato GE. Não existem variedades de trigo GM aprovadas para venda ou em
produção comercial nos Estados Unidos ou em qualquer outro país, no momento.
A detecção desta variedade de
trigo não representa uma preocupação quanto à segurança alimentar. A Food and
Drug Administration (FDA) conduziu e concluiu a análise de uma consulta voluntária
em 2004 sobre a segurança dos gêneros alimentícios e alimentos derivados desta
variedade de trigo tolerante ao glifosato. Para a consulta, o desenvolvedor
forneceu informações ao FDA para apoiar a segurança desta variedade de trigo. O
FDA concluiu a consulta voluntária, sem quaisquer outras questões relativas à
segurança de grãos e forragem derivado deste trigo, o que significa que esta
variedade é tão segura quanto o trigo convencional (não-GM) atualmente no
mercado.
"Estamos levando esta
questao muito a sério e lançando uma investigação formal", disse Michael
Firko, administrador adjunto interino no Serviço Regulatório em Biotecnologia
da APHIS. "Nossa primeira prioridade é determinar o mais rápido possível as
circunstâncias e a extensão da situação e como isso aconteceu. Estamos
colaborando com o Estado, a indústria e parceiros comerciais nesta questão e estamos
empenhados em fornecer informações adequadas e rápidas sobre os resultados
destas investigações. O USDA vai disponibilizar todos os recursos necessários
para esta investigação".
A Lei de Proteção das Plantas
(PPA) prevê pesadas sanções por infrações graves. Se a APHIS determinar que
esta situação foi o resultado de uma violação da PPA, a APHIS tem autoridade
para buscar penalidades por tal violação, incluindo penalidades civis de até US
$ 1.000.000,00 e pode remeter a questão a processo criminal, se for o caso.
A APHIS, a Agência de Proteção
Ambiental dos EUA (EPA) e o FDA (pertencente ao Departamento de Saúde Humana e Serviços
em Saúde dos EUA) têm juntos a atribuição de regular a utilização segura dos
organismos derivados da biotecnologia moderna (OGM). A APHIS regula a
introdução (ou seja, a importação, o movimento interestadual e a liberação no
ambiente/ensaios de liberação) dos OGM que apresentam um risco para a saúde das
plantas. O EPA regula os pesticidas, incluindo plantas com plantas com
substâncias protetoras incorporadas - PIPs (pesticidas destinados a serem
produzidos por uma planta viva e que lhe conferem uma nova utilidade), para
garantir a segurança pública. O EPA também estabelece limites para resíduos de
pesticidas em alimentos e ração animal. A FDA tem a responsabilidade primária
de garantir a segurança dos alimentos humanos e da ração animal, bem como a
segurança de todos os alimentos e rações derivadas de plantas.