quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fim da polêmica dos ratos com tumores: A EFSA publicou hoje (28 de novembro de 2012) a revisão final do artigo de Séralini e cols.


Em 19 de setembro de 2012, Séralini et al. publicaram online na revista científica Food  and Chemical Toxicology um artigo onde descrevem um estudo de alimentação de 2 anos em ratos investigando os efeitos na saúde da alimentação com  dieta de milho geneticamente modificado NK603 com e sem Roundup ® WeatherMAX  ou apenas com dieta adicionada de Roundup ® GT (ambos são pesticidas contendo glifosato). Conforme solicitado pela Comissão Europeia, a EFSA analisou esta publicação tendo em consideração as avaliações conduzidas pelos Estados-Membros e esclarecimentos dados pelos autores a críticas. As avaliações dos Estados-Membros e da EFSA foram essencialmente coincidentes. O estudo como relatado por Séralini et al. foi inadequadamente concebido, analisado ​​e relatado. Os autores do estudo forneceram uma quantidade muito limitada de informações adicionais relevantes em sua resposta às críticas publicadas na revista Food  and Chemical Toxicology. Levando em  consideração as avaliações dos Estados Membros e a resposta dos autores às críticas, a EFSA chega a conclusões semelhantes àquelas de sua primeira avaliação (EFSA, 2012). O estudo, como descrito por Séralini et al. não permite ponderar seus resultados  e não apoia as conclusões publicadas. Conclusões não podem ser extraídas da diferença na incidência de tumores entre os grupos de tratamento com base no desenho, na análise e nos resultados relatados. Levando em  consideração as avaliações dos Estados Membros e a resposta dos autores às críticas, a EFSA considera que o estudo como relatado por Séralini et al. é de qualidade científica insuficiente para avaliações de segurança. A EFSA conclui que as evidências atualmente disponíveis não impactam o andamento da reavaliação do segurança do glifosato, que está em andamento(na Europa), e não exige a reabertura das avaliações de risco do milho NK603 e dos piramidados relacionados. A avaliação que a EFSA fez do artigo de Séralini e cols. está de acordo com o seu papel precípuo de analisar a produção científica relevante em avaliação de risco, de forma contínua, visando garantir que suas recomendações e opiniões técnicas sejam sempre atualizadas.
A revisão completa pode ser encontrada em

4 comentários:

  1. Agradeço aos colegas moderadores, por nos orientar, estarei removendo esta matéria. estamos ao inteiro dispor.
    Grato Edigar

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  2. Isso não explica porque os OGM foram introduzidos no mercado sem uma quantidade massivamente conclusiva de estudos de longo prazo a respeito dos seus efeitos no ser-humano e em outros animais.
    A falta de apoio das produtoras a estudos independentes ou de universidades não ligadas a elas, deixa no mínimo umas 100 pulgas atrás de cada orelha de qualquer pessoa sensata.
    Voltamos à Revolução Verde.
    Ainda, a quantidade insignificante de estudos, sua baixa qualidade e o curto prazo com que são analisados os OGM são claros indícios desse descaso e do boicote silencioso.
    Sem falar no "T" transgênico que não figura em quase nenhum produto onde, sabidamente, há a presença de pelo menos algum produto do milho GM.
    Só me resta fazer um boicote oposto. Mas é muito difícil, pois essa fraude infesta todas as prateleiras. Então me lembro de que tenho um pequeno terreno para plantar.
    Parabéns pela irresponsabilidade senhores!

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  3. Bruno, obrigado pelo seu comentário.
    Vou te responder em duas partes, porque o texto ficou grande.
    Você argumenta que a invalidação do artigo do Séralini não explica porque os OGMs foram liberados para o mercado sem estudos a longo prazo. Pois é, não explica mesmo, porque a explicação é outra e está no Codex Alimentarius e na toxicologia alimentar. Vou tentar explicar: foram feitos dezenas de estudos com diferentes animais para investigar se a proteína recombinante produzida pelo milho transgênico MON810 era tóxica ou poderia produzir algum tipo de alteração celular, tissular ou hematológica. Para isso os animais foram alimentados como habitualmente e a única diferença era a adição de doses variáveis da proteína nova, purificada. Nunca foi observado qualquer indício de que os animais fossem afetados pela ingestão da proteína, mesmo em quantidades milhares de vezes superiores ao que poderia comer o animal durante toda a sua vida, em condições normais de alimentação se consumisse apenas milho transgênico. Para os toxicologistas e reguladores do mundo todo, estes resultados, associados a vários outros sobre a proteína recombinante (não se assemelha a nenhuma toxina conhecida, não tem sequências alergênicas, é rapidamente degrada no fluido intestinal e é regularmente consumida na sua forma nativa susceptível a inativação por glifosato, é estruturalmente idêntica à proteína nativa, etc. etc.), são suficientes para excluir totalmente a necessidade de estudos de longo prazo. Ainda que estes tivessem sido feitos (e foram! O Séralini não foi o primeiro e a revisão do Snell reúne mais de 20 outros antes dele), o certo seria fazer do jeito que os toxicologistas fazem, isto é, adicionando a proteína ao alimento formulado, e não com o milho transgênico colhido no campo. O uso de alimentos GM em experimentos é totalmente desaconselhado pelo Codex Alimentarius, por várias razões que você poderá descobrir indo lá no site deles.
    Quanto aos efeitos de longo prazo em outros animais, além de ratos, lembre-se que faz dez anos que os americanos alimentam seus porcos, galinhas, patos, perus, vacas e seus próprios conterrâneos com milho transgênico e muitos deles produzem a mesma proteína do MON810, que também é produzida por muitas variedades GM de soja, extensivamente usadas em alimentação humana e animal. E alguém viu problemas aparecendo? Absolutamente nenhum, exceto os relatos da Judi Cairns e de outros cientistas que, como o Séralini, fizeram experimentos mal desenhados , mas muito bem imaginados para “demonstrar” problemas. A maior prova da inocuidade alimentária pás plantas GM atualmente no mercado é seu histórico de consumo seguro!...
    (FIM DA PARTE I)

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  4. (PARTE II)
    A questão de quem é independente em ciência é filosófica e nada tem a ver com a qualidade do estudo, embora possa ter muito a ver com o tema escolhido pelo líder do grupo de pesquisa. Assim, o Séralini, que se diz independente, é pago pelo Carrefour e por outros atacadistas franceses qu não vendem OGM e escolhe seu tema ao sabor do seu patrão financeiro. Ao contrário, a maior parte dos cientistas “não independentes”, como eu, são financiados pelos órgãos de governo. Mas isso é totalmente irrelevante: o que importa é a qualidade do que é publicado, que é atestada pela aceitação dos resultados pela comunidade científica ( e não apenas a publicação numa revista boa, porque isso algumas vezes pode ser uma surpresa, como no caso do Séralini e de outros antes dele). Assim, se você se julga sensato, procure ver a qualidade da publicação (especificamente, se o trabalhos segue as rígidas normas do método científico), e não quem a financiou.
    Quanto à “quantidade insignificante de estudos, sua baixa qualidade e o curto prazo com que são analisados os OGM”, esta é uma opinião sua inteiramente equivocada. Um pedido de liberação comercial de uma planta transgênica é analisado por qualquer uma das agências governamentais internacionais por não menos que dois anos e os dossiers são baseados em centenas de trabalhos publicados, relatórios e experimentos a campo que, em geral, foram desenvolvidos durante 5 a 10 anos. O caso do MON810 no Brasil é típico. Ele levou quase 10 anos para ser aprovado pela CTNBio! Por isso, não posso concordar com sua conclusão apressada de que a forma de aprovação seria” um claro indício desse descaso e do boicote silencioso”.
    Quanto à rotulagem, esta é uma questão que vai além da avaliação de risco, que é a função da CTNBio. Mas, pela lógica, se um produto foi considerado seguro, não faz sentido rotulá-lo. Contudo, por pressão de vários setores, há uma lei sobre isso, e ela deve ser regulamentada e implementada. Pode também ser rediscutida num cenário mais atual e modificada, mas não pode ser deixada no limbo. Entretanto, você está redondamente enganado sobre rotulagem: centenas de produtos estão rotulados, desde rações (todas elas) até salgadinhos e mesmo a pipoca no Nordeste. É que poucos se preocupam com isso. Se quiser, depois te envio fotos de algumas dezenas de rótulos de produtos com o famoso T. Claro que há muitos outros que ainda não têm o dito T, mas é só questão de tempo.
    Sugiro que você procure plantar seu milho, porque já mais de 85% é transgênico no Brasil e vai ficar impossível pra você e qualquer outro brasileiro comprar produtos feitos com milho não-GM. Ou frequente as feiras orgânicas e formule seu próprio alimento. Esqueça, contudo, as cervejas, os salgadinhos à base de milho e todas estas coisas industrializadas onde entra milho ou soja.
    Se é irresponsabilidade nossa, eu discordo: fizemos um trabalho extremamente cuidadoso e a prova de que estamos certos é que só os ratos do Séralini ficam doentes, o resto engorda e passa bem. Seríamos irresponsáveis se tivéssemos, em nome de riscos imaginários, negado ao Brasil esta tecnologia. Não adotar os GM também tem seus riscos, pense nisso. Logo eles nos ajudarão a combater a fome oculta, a reduzir as alergias alimentares, a produzir em solos estressantes ou em condições climáticas adversas, etc.: excluir o Brasil disso tem que ter razões muito mais fortes do que as suspeitas levantadas pelos que se opõem ideologicamente aos transgênicos.
    PS.: Suas posições refletem exatamente aquilo que está nos sites contrários aos transgênicos e não trazem qualquer novidade. Sugiro que você estude o assunto e inove, em vez de repetir o que ouve.

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